Apesar de origens políticas distintas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o economista Delfim Netto, que morreu nesta segunda-feira (12) aos 96 anos, acabaram se aproximando, a ponto de Delfim ter participado do governo petista como membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e conselheiro da Empresa Brasil de Comunicação. Em nota emitida pelo Palácio do Planalto nesta segunda, Lula lamentou a morte do economista. “Durante 30 anos eu fiz críticas ao Delfim Netto. Na minha campanha em 2006, pedi desculpas publicamente porque ele foi um dos maiores defensores do que fizemos em políticas de desenvolvimento e inclusão social que implementei nos meus dois primeiros mandatos”, diz um trecho do texto.
O petista relembrou que Delfim participou muito da elaboração das políticas econômicas daquele período.” Quando o adversário político é inteligente, nos faz trabalhar para sermos mais inteligentes e competentes”, diz um trecho do texto.“O maior economista do Brasil”. A aproximação entre ambos se tornou mais aparente como o elogio, feito por Delfim, à “Carta ao Povo Brasileiro”, documento lançado pelo petista durante a campanha de 2002 à presidência, em que ele acenou diálogo com diversos setores produtivos da sociedade. Isso, à época, foi visto como uma preocupação não só com a justiça social, mas também com o mercado interno e externo. Segundo entrevista publicada no site de Lula, Delfim Netto chegou a manifestar seu apoio à campanha do petista quando ele foi para o segundo turno com José Serra.
Ao vencer as eleições presidenciais em 2002, após derrotas em 1989, 1994 e 1998, aliados do petista procuraram conselheiros, e Delfim Netto foi um deles. Então deputado federal, o economista já tinha passagens como ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento, além de ter sido embaixador. No governo petista, teve um assento no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, indicou pessoas próximas para cargos em estatais, foi conselheiro da Empresa Brasil de Comunicação e cogitado diversas vezes para ser ministro.
Em 2006, após a frustrada tentativa de reeleição de Delfim, Lula criticou o eleitor paulista por deixar de eleger o economista para mais um mandato. “Um povo politizado, como o de São Paulo, deixou de eleger um Delfim Netto e elegeu outras pessoas, quem sabe, tão merecedoras de voto como ele, mas bem menos competentes para ser parlamentares como ele”, afirmou o petista, em evento da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústria de Base (Abdib).
Dois anos depois, em 2008, Delfim disse que Lula era a encarnação do otimismo. “Lula é o maior economista do Brasil”, disse, em entrevista à Agência Estado. Um ano depois, em 2009, o economista disse que “Lula salvou o capitalismo brasileiro”. Em 2022, Lula escolheu como QG de campanha uma casa que pertenceu a Delfim, no Pacaembu, zona oeste de São Paulo.
Leia nota na íntegra
Delfim Netto foi economista, professor, ministro da Fazenda, do Planejamento e da Agricultura. Durante 30 anos eu fiz críticas ao Delfim Netto. Na minha campanha em 2006, pedi desculpas publicamente porque ele foi um dos maiores defensores do que fizemos em políticas de desenvolvimento e inclusão social que implementei nos meus dois primeiros mandatos. Delfim participou muito das discussões de políticas públicas daquele período. Quando o adversário político é inteligente, nos faz trabalhar para sermos mais inteligentes e competentes.
Em um curto espaço de tempo, o Brasil perdeu duas referências do debate econômico no país: Delfim Netto e Maria da Conceição Tavares. Fica o legado do trabalho e pensamento dos dois, divergentes, mas ambos de grande inteligência e erudição, para ser debatido pelas futuras gerações de economistas e homens públicos.
Meus sentimentos aos familiares, amigos e alunos de Delfim Netto,
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República
*Reportagem produzida com auxílio de IA
Publicado por Carolina Ferreira