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É golpe, coroa! Conheça as 7 fraudes mais aplicadas em idosos e como evitá-las

No celular entre tantas notificações do WhatsApp, uma mensagem  com um pedido de dinheiro para conseguir finalizar a contratação de um consórcio. Até aí, a administradora Soraia Silva, 62 anos, achava que estava conversando com sua filha, antes de fazer um pix de R$ 2 mil. 

“Na foto do WhatsApp era minha filha, então, prontamente fiz o pix. Quando um filho te pede algo, você quer logo ajudar. Mais tarde, a foto dela sumiu e só ficou a mensagem com o registro de que eu tinha feito a transferência. Nesse momento, vi que caí em um golpe”, conta. 

A fraude do número de WhatsApp clonado é uma das sete mais comuns contra idosos, segundo levantamento feito pela Federação Brasileira dos Bancos (Febraban). Ainda que todo mundo esteja sujeito a essa situação diante de esquemas cada vez mais elaborados e ardilosos, a faixa etária acima dos 60 anos acaba se tornando o alvo principal da bandidagem. 

Além desse exemplo, a Febraban lista também o golpe do falso funcionário de banco, o phishing (normalmente cometido através de links maliciosos na internet), o golpe do falso motoboy, o falso leilão, o extravio do cartão e o falso delivery (confira mais detalhes na página ao lado). 

“Destacam-se os crimes que usam a engenharia social, que consiste na manipulação psicológica do usuário para que ele lhe forneça informações confidenciais, como senhas e números de cartões para os criminosos ou faça transações em favor das quadrilhas”, pontua o diretor-adjunto de Serviços da Febraban, Walter Faria. 

Ainda de acordo com Faria, a frequência dessas fraudes tem crescido tanto, que os investimentos dos bancos em sistemas de segurança alcançam um montante de cerca de R$ 3 bilhões por ano.  “Se o cliente for vítima de algum crime, ele dever registrar boletim de ocorrência e notificar seu banco para que medidas adicionais de segurança sejam adotadas”, reforça. 

No caso de Soraia, ela até chegou a registrar um boletim de ocorrência na delegacia,   porém, tentaram aplicar o mesmo golpe de antes,  só que usando o perfil falso com a foto e o nome de outro filho. 

“Na mesma hora liguei para ele e disse que tinha recebido uma mensagem com a foto dele pedindo dinheiro. Exatamente o mesmo golpe.   Fiquei muito mal por semanas. Recebi apoio familiar e hoje penso duas vezes antes de passar um pix para alguém”, conta. 

Gato escaldado
O aposentado João* é mais um que sofreu um golpe financeiro recentemente. Em busca de um empréstimo online, o fraudador solicitou a documentação. Em seguida, ele informou que o pedido havia sido aprovado e orientou que João* passasse os dados de um fiador e que, para acessar o contrato, pagasse uma taxa de R$ 199. Com a promessa de que esse dinheiro seria abatido no suposto crédito, o aposentado fez a transferência.  

“Foi aí que o atendente disse que eu tinha que pagar duas parcelas adiantadas do empréstimo. Como a gente vai fazer isso, se está precisando do dinheiro? Então, entendi que havia caído em um golpe”. 

Depois disso, João* diz que não faz mais nenhum empréstimo online. “O sistema ou a justiça precisam, de alguma forma, acabar com esses golpes que sofremos dia  a dia, deixando a gente com mais dificuldade. Somos bombardeados diariamente com mensagem de empréstimo por ligação, mensagem SMS, e-mail, WhatsApp. Não faço mais nada assim na internet”. 

Estatuto
Para a presidente da Comissão do Idoso da Ordem dos Advogados do Brasil na Bahia (OAB-BA) e secretária da Comissão Federal do Idoso da OAB, Dora Márcia Zalcbergas, o perfil dessa vítima é sempre uma pessoa idosa que demonstra fragilidade e vulnerabilidade aos olhos do criminoso/infrator. 

“A tutela do Estado, através da Delegacia do Idoso (DEATI), Ministério Público e Defensoria Pública, só é aplicada quando o crime já foi perpetrado, raramente de forma preventiva. A falta de estrutura funcional desses órgãos de Proteção à Pessoa Idosa também propicia a impunidade desses golpistas”, complementa Dora, que também é membro do Conselho Estadual de Defesa da Pessoa Idosa (CEPI) e  do Conselho Municipal de Defesa da Pessoa Idosa (CMI).  

A proteção contra crimes de apropriação, desvio de bens, pensão ou qualquer outro rendimento financeiro é um dos direitos assegurados pelo Estatuto do Idoso, como explica ainda a advogada. 

No Código Penal, a punição prevista para o crime de estelionato – fraude praticada por quem induz outra pessoa a uma falsa concepção no intuito de obter vantagem ilícita – é de reclusão de um a quatro anos e multa. A pena é aplicada em  dobro se o crime for cometido contra idoso. 

“Inclusive, deputados têm apresentado projetos para coibir essa prática. Um projeto de lei que tramita na Câmara prevê uma campanha nacional de orientação e combate aos golpes financeiros e a violência patrimonial”, explica. 

A legislação garante proteção até mesmo contra pessoas próximas à vítima que pratiquem abusos. “Uma vez que o idoso perceba a fraude ou golpe, é possível buscar ajuda por meio de um advogado, Defensoria Pública ou diretamente com o Ministério Público, na Promotoria de Justiça dos Direitos do Idoso ou nos conselhos”, complementa.

Segundo dados mais recentes divulgados pela Polícia Civil a pedido do CORREIO, em 2022, o número de casos de estelionato contra pessoas acima de 65 anos chegou a 3.564 ocorrências apenas em Salvador. A Polícia Civil ressalta que a partir do ano passado, com a implantação dos Procedimentos Policiais Eletrônicos (PPE), a metodologia de lançamento e coleta dos dados foi alterada.  

‘Modus operandi’
Ao ser vítima de um golpe, as perdas vão além do valor financeiro, como destaca o psicólogo Jonatas Tourinho, especialista em Gerontologia. No geral, o ‘modus operandi’ do golpista é construído a partir de uma abordagem que demonstra atenção, disponibilidade e afetividade emocional para auxiliar o idoso com toda paciência possível, ganhando credibilidade e confiança temporária. 

“Quase sempre, o sentimento é de traição, tristeza, incapacidade e preocupação excessiva de como vai pagar as pendências financeiras. Passar por uma situação assim pode levar o idoso a desenvolver quadros psicopatológicos como o transtorno de ansiedade, depressivo, pânico e fobia social. Além de elevar o grau de uma não-confiabilidade generalizada, prejudicando em suas relações”, descreve.  

O alerta para o risco de golpe, está, principalmente, nas propostas ‘milagrosas’ que aparentemente se fazem em benefício do idoso, como também chama atenção a advogada criminalista Rafaela Alban, doutora e professora do curso de Direito da Unijorge.  

“É fundamental ficar alerta a ligações em que são solicitadas informações pessoais ou senhas, mensagens com links, pessoas observando suas idas ao banco, descontos em extratos bancários de serviços não solicitados, propostas milagrosas de empréstimos. Também nunca assine documentos sem lê-los e consulte alguém da sua confiança. O caminho é a precaução”, indica.

Professor de segurança de redes da Unijorge, Elmo Baraúna aconselha a desconfiar de qualquer apelo. É aqui que mora o perigo, quando esses golpes são aplicados em meios digitais. 

“Mantenha os dispositivos com as atualizações dos fabricantes e ative a autenticação em dois fatores nas redes sociais, e-mails e aplicativos de mensagem. Em casos de dificuldade, o melhor é solicitar ajuda de um parente ou de alguém de confiança para fazer essas configurações de forma segura”, indica o especialista, ao orientar que o idoso desconfie sempre.  

***

SETE GOLPES MAIS COMUNS

1. Falso Funcionário 

O QUE É  O fraudador entra em contato com a vítima se passando por um falso funcionário do banco ou empresa com a qual o cliente tem um relacionamento. Diz que há irregularidades na conta ou que os dados cadastrados estão incorretos e solicita dados pessoais e financeiros. 

COMO EVITAR   Verifique sempre a origem das ligações e mensagens recebidas. A Febraban reforça que o banco nunca liga para o cliente pedindo senha nem o número do cartão e também nunca liga para pedir para realizar uma transferência ou qualquer tipo de pagamento. 

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2. Phishing 

O QUE É  o phishing, ou pescaria digital, é uma fraude eletrônica cometida pelos engenheiros para obter dados pessoais. A forma mais comum de um ataque de phishing são as mensagens e e-mails falsos que induzem o usuário a clicar em links suspeitos. Também existem páginas falsas na internet e mensagens com promessas de brindes e descontos compartilhadas em redes sociais.  

COMO EVITAR  sempre verifique se o endereço da página de internet é o correto. Para garantir, não clique em links e digite o endereço no navegador. Mantenha seu sistema operacional e antivírus sempre atualizados.   

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3. Falso motoboy 

O QUE É  o golpe começa com uma ligação de uma pessoa que se passa por funcionário do banco e diz que o cartão foi clonado, informando que é preciso bloqueá-lo. O fraudador orienta a vítima a cortar o cartão ao meio e solicitar um novo via atendimento eletrônico do banco. O falso funcionário pede ainda que a senha seja digitada no telefone e diz que um motoboy irá buscar o cartão para uma perícia.  

COMO EVITAR  nenhum banco pede o cartão de volta ou envia qualquer pessoa ou portador para retirar o cartão em casa. 

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4. Falso leilão 

O QUE É  o fraudador envia um link que simula um falso leilão. Para que haja um lance, a vítima tem que preencher formulários com seus dados ou depositar um valor na conta do fraudador. Com dados como senha, número do cartão e CPF, o golpista consegue fazer transações fraudulentas. 

COMO EVITAR  o cliente nunca deve enviar dados, senhas e acessos a ninguém. É necessário sempre verificar a origem de qualquer link antes de abri-lo, assim como a veracidade do site de leilão e avaliações de outros usuários. 

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5. Golpe do WhatsApp 

O QUE É  os golpistas descobrem o número do celular e o nome da vítima e clonam sua conta de WhatsApp. Para concluir a operação, é preciso inserir o código de segurança que o aplicativo envia por SMS sempre que é instalado em um novo dispositivo. Os fraudadores enviam uma mensagem pelo WhatsApp fingindo ser do Serviço de Atendimento ao Cliente de alguma empresa em que a vítima tem cadastro. Eles solicitam o código de segurança, afirmando se tratar de uma atualização, manutenção ou confirmação de cadastro. Com o código, os bandidos conseguem replicar a conta de WhatsApp em outro celular e enviar mensagens para os contatos da vítima, se passando por ela e pedindo dinheiro.

COMO EVITAR  Habilite sua conta do Whatsapp – e até mesmo de ouras redes sociais – a opção Verificação em duas etapas. Vá no menu Configurações/Ajustes > Conta > Verificação em duas etapas. Desta forma, é possível cadastrar uma senha que será solicitada periodicamente pelo app. Essa senha não deve ser enviada para outras pessoas ou digitadas em links recebidos. 

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6. Extravio do cartão 

O QUE É  a correspondência contendo o cartão é furtada pelos golpistas no trâmite da entrega. Em seguida, eles ligam para a vítima se passando por um funcionário do banco informando que houve problemas na entrega do cartão. Para a resolução deste suposto problema, solicitam a senha e fazem transações fraudulentas. 

COMO EVITAR  mais uma vez, fica aqui o reforço de não abrir dados, senhas e acessos. Também não preencha nenhum formulário na internet com dados pessoais e financeiros sem verificar a origem. Caso o prazo de entrega do cartão se esgote, é preciso informar ao banco sobre o atraso. 

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7. Golpe do delivery 

O QUE É  o cliente faz seu pedido via aplicativo e coloca a opção para fazer o pagamento na entrega. O entregador apresenta uma maquininha com o visor danificado ou de uma forma que impossibilite a visualização do preço cobrado na tela, sendo um valor acima do real cobrado. Só depois de algum tempo, a vítima percebe que efetuou um pagamento elevado. 

COMO EVITAR  não deixe de checar o preço cobrado no visor da maquininha e não aceite maquininhas onde os valores não estejam visíveis. Dê preferência em fazer o pagamento via aplicativo. 

Fonte: Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

*Nome fictício, o personagem pediu para não ser identificado pela reportagem.

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