1 agosto, 2025
sexta-feira, 1 agosto, 2025

A ponta do iceberg da nova geopolítica (por Felipe Sampaio)

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As terras raras e outros minerais críticos não são apenas a ponta do iceberg de uma nova era digital; eles representam a essência de uma revolução que moldará nosso futuro. O verdadeiro valor desses minerais vai além de sua contribuição para o PIB mineral; reside na matéria-prima essencial para dispositivos digitais que transformam informação e conhecimento em poder.

Imagine um celular ou um submarino nuclear: a inteligência e a inovação que eles contêm dependem amplamente dos minerais críticos. Esses materiais são cruciais para mega data centers responsáveis por alimentar inteligência artificial, desempenhando papéis vitais em setores como finanças, defesa, agro e pesquisa científica. A crescente obsolescência dos equipamentos digitais, que exige renovação a cada três ou quatro anos, intensifica a demanda por essas preciosas matérias-primas.

O jogo global está concentrado nas mãos de poucos: China e Estados Unidos dominam a cena. Ambos se destacam em tecnologia, mão de obra qualificada e, principalmente, capacidade de investimento na construção de data centers de hiperescala. O Citadel, um dos maiores data centers dos EUA, ocupa uma área equivalente a 70 campos de futebol, enquanto no Brasil, o Tik Tok investirá R$ 55 bilhões em um empreendimento de informação no Ceará, que requer um robusto sistema de abastecimento de energia.

Com a necessidade de energia crescente, o ONS alertou sobre a incapacidade da atual rede elétrica para suportar tamanha demanda. Soluções como a instalação de parques eólicos são essenciais. Além disso, os minerais críticos são fundamentais para a produção de infraestrutura sustentável, como torres eólicas e painéis solares. O cenário é alarmante: só nos EUA, estima-se que sejam necessários 50 milhões de painéis solares até 2030 para sustentar os data centers. Não surpreende, assim, que os investimentos massivos em infraestrutura estejam em pauta, como a proposta de Trump de US$ 500 bilhões.

Enquanto isso, o Japão avançou com tecnologias que oferecem internet 4,25 milhões de vezes mais rápida que a banda larga brasileira, e a China, com suas reservas de minerais críticos, lançou produtos eficientes com preços convidativos, impactando o mercado americano em valores próximos a US$ 1 trilhão.

É evidente que uma estratégia brasileira voltada para os minerais críticos será essencial. Se acompanhada de iniciativas para desenvolver inteligência artificial e acelerar a transição energética, poderá posicionar o Brasil como um protagonista nesse novo cenário global.

Felipe Sampaio: Cofundador do Centro Soberania e Clima; foi empreendedor em mineração; atuou em grandes empresas e 3º setor; dirigiu o Instituto de Estudos de Defesa no Ministério da Defesa; ex-diretor do sistema de estatísticas do Ministério da Justiça; foi secretário executivo de Segurança Urbana do Recife.

E você, como vê a posição do Brasil neste torneio global por recursos críticos? Deixe seu comentário e compartilhe sua opinião!

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