A recente reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, selou um novo capítulo nas relações entre Brasil e EUA. O encontro, realizado em Kuala Lumpur, na Malásia, foi saudado como um “passo mais importante” na reaproximação dos dois países, segundo o presidente em exercício e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.
Esse diálogo direto, o primeiro desde que Trump reassumiu a Casa Branca, abriu as portas para negociações cruciais sobre tarifas e investimentos. Para Alckmin, “o gesto político foi dado com brilho e louvor, e agora é hora de avançar para estabelecer uma pauta de trabalho”.
A prioridade do governo brasileiro é clara: eliminar a sobretaxa de 40% aplicada pelos EUA sobre produtos brasileiros desde agosto. Alckmin reforçou que essa tarifa é injusta e inadequada, afetando diretamente setores fundamentais da economia. “Essas tarifas de 10% e a de 40% são desproporcionais, enquanto a tarifa média do Brasil para os EUA é de apenas 2,7%”, destacou, enfatizando a necessidade de resolver essa questão rapidamente.
Impactando cerca de 34% dos US$ 40 bilhões em exportações brasileiras para os EUA, as sobretaxas extremamente altas levaram o governo a buscar soluções. Além de solicitar a suspensão temporária durante as negociações, o Brasil também busca ampliar a lista de produtos isentos, incluindo itens cruciais como o café, atualmente sujeito a tarifas de até 50%.
Alckmin acredita que o apoio do setor privado dos EUA será crucial para a revogação dessas tarifas. Ele destacou que tanto as empresas brasileiras quanto as americanas têm grande interesse em fortalecer a troca comercial. “A participação do setor privado é fundamental para a solução desse impasse”, afirmou.
No campo das negociações, Alckmin coordena uma equipe ao lado dos ministros das Relações Exteriores e da Fazenda, com reuniões técnicas previstas para as próximas semanas. Durante uma visita ao Japão, Trump descreveu o encontro com Lula como “muito bom”, mas não garantiu a eliminação imediata das tarifas. “Veremos o que acontece. Eles desejam fazer um acordo”, comentou o líder americano.
Lula, por sua vez, expressou otimismo, afirmando que ambos os países devem conseguir um “bom acordo” nas próximas rodadas de negociação.
Além dessas questões tarifárias, Alckmin também abordou planos conjuntos sobre a instalação de datacenters no Brasil e a promoção de investimentos em energia renovável. Ele defendeu a aprovação de uma medida provisória que estabelece regras para o setor, considerável para atrair capital estrangeiro, especialmente em um cenário global de escassez energética.
“O Brasil possui fontes abundantes de energia limpa e renovável, o que torna essa iniciativa ainda mais atraente”, reforçou Alckmin.
Ao finalizar a entrevista, o vice-presidente descreveu a interação entre Lula e Trump como um “marco político” que reposiciona o Brasil no cenário internacional. “Esse foi um passo significativo na aproximação entre as duas maiores democracias do Ocidente. Agora, começamos uma nova fase para aprofundar laços e buscar oportunidades concretas”, concluiu.
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