Na última terça-feira (23/9), o artista contemporâneo Antonio Obá e a curadora Fabiana Lopes realizaram uma visita guiada pela exposição Finca-Pé: Estórias da terra, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) Brasília. Com mais de 50 obras, a mostra traz um reencontro tocante do autor com sua cidade natal, e estará disponível até 23 de novembro.
Após o sucesso em outras localidades, onde atraiu mais de 88 mil visitantes, Obá, um dos artistas mais relevantes da cena contemporânea brasileira, apresenta sua obra em uma nova luz. Através de pinturas, desenhos, instalações e filme-performance, a exibição ganha um significado especial: a conexão entre a poética do artista e o ambiente que moldou sua trajetória.
Com uma carreira consolidada no Brasil e no exterior, Obá descreve Finca-Pé como um projeto em constante evolução, refletindo histórias dos lugares por onde passa. “Cada etapa recolhe narrativas que contribuem para a construção da mostra”, afirma o artista.
“Essa exposição é um recorte de minha pesquisa, onde exploro a terra como mais do que um material físico. Ela representa um espaço de crescimento e transformação, além da busca por uma terra utópica e poética”, compartilha Obá.
A curadora Fabiana Lopes ressalta que a exposição convida os visitantes a uma jornada através de diferentes tempos e registros, explorando a relação com o Cerrado por meio de obras emblemáticas, como Ka’a pora (2024), que expressam resistência e renovação da paisagem após períodos adversos.
“Esta obra simboliza a resiliência do Cerrado após as secas, refletindo a capacidade de renovação que temos na vida”, explica Obá sobre Ka’a pora.
Outro destaque é a série Crianças de Coral – nigredo/coivara (2024-2025), que apresenta retratos em carvão, onde a técnica transforma o material em imagens que vibram entre presença e ausência. Em diferentes salas, o público pode testemunhar como a intensidade de seus desenhos e experimentos reflete a jornada contínua do artista.
O filme-performance Encantado, também inédito no Brasil, oferece uma experiência sensorial que dialoga com simbologias espirituais e rituais, reafirmando a diversidade das pesquisas de Obá. O Cerrado, sua matriz inspiradora, é também celebrado por Marcos Siqueira, um artista que utiliza a terra de sua região como matéria-prima em suas obras, aumentando a poética da exposição.
“A conexão que temos com o Cerrado se reflete neste trabalho conjunto. É uma intimidade com a terra que enriquece nossa compreensão e expressão”, destaca Siqueira.
Marcos Siqueira, que coleta pigmentos na Serra do Cipó, revela como essa experiência vai além da simples coleta. “É um processo de meditação e observação, onde busco captar a essência do lugar”, conta ele.
Para entender melhor a proposta da exposição e a conexão entre os artistas, assista ao vídeo da visita guiada e deixe sua opinião nos comentários. Sua participação é essencial para esta conversa enriquecedora!