Em meio a uma controvérsia crescente sobre a gestão de recursos públicos, a Associação Moriá, que prometia revolucionar o universo gamer no Distrito Federal com um investimento de R$ 46 milhões, viu seus repasses bloqueados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino, em fevereiro de 2025. O motivo decisivo? Falta de transparência nas operações da entidade.
Após intensas modificações e adequações no portal da associação, alinhadas às exigências da Controladoria-Geral da União (CGU), os repasses financeiros foram finalmente liberados em março. Contudo, essa liberação não veio sem um aviso: a auditoria continuaria, indicando que a vigilância sobre a utilização dos recursos se intensificaria.
A CGU não apenas liberou os recursos, mas também fez recomendações cautelosas. Uma delas exige que a associação realize uma análise comparativa de custos para garantir que sua abordagem, tanto em serviços como na compra de equipamentos, seja a mais eficiente possível. A comparação deve incluir aluguéis, aquisição de equipamentos e execução de contratos para jogos educacionais digitais, priorizando a reutilização de materiais essenciais.
Preocupantemente, em um dos contratos anteriores da associação, a CGU apontou um prejuízo que ultrapassou R$ 1,7 milhão, decorrente de uma disparidade chocante entre o custo de aluguel de equipamentos e sua aquisição direta. Enquanto o aluguel de computadores estava orçado em R$ 2,1 milhões, a compra totalizaria apenas R$ 437 mil.
Além do projeto gamer, a Associação Moriá teve propostas voltadas para combate à dengue e atividades culturais. No total, as emendas de parlamentares totalizam R$ 53,3 milhões entre 2023 e 2024.
- Deputado federal Fred Linhares: R$ 32,6 milhões – R$ 27,6 milhões para o projeto gamer e R$ 5 milhões para combate à dengue;
- Senador Izalci Lucas: R$ 15,5 milhões – para o projeto gamer;
- Deputado Gilvan Máximo: R$ 2 milhões – para combate à dengue;
- Deputada Bia Kicis: R$ 1,5 milhão – para o projeto gamer;
- Deputado Julio Cesar: R$ 800 mil – para o projeto gamer;
- Deputada Paula Belmonte: R$ 500 mil – para o projeto gamer;
- Deputado Reginaldo Veras: R$ 400 mil – R$ 250 mil para apresentações musicais e R$ 150 mil para cursinho preparatório para o Enem.
A Associação Moriá defende a diversidade de seus projetos, que integram um corpo técnico multidisciplinar com forte experiência em políticas públicas. No entanto, a gestão da associação levanta questões, especialmente com a presença de líderes que não possuem formação acadêmica aprofundada nas áreas em questão.
Parlamentares como Fred Linhares, Izalci Lucas e Bia Kicis garantem que a seleção de recursos foi feita com base no potencial social do projeto, voltado para a formação de jovens em tecnologia e inovação, preparando-os para futuros desafios profissionais. Apesar disso, é evidente que o governo federal deve exercer um controle rigoroso sobre a execução dessas emendas.
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