Nos dias atuais, o termo “adultização” ressoa com força, especialmente após polêmicas na esfera digital envolvendo a exposição precoce de crianças a conteúdos inapropriados. A recente controvérsia em torno do influencer digital Hytalo Santos, por exemplo, trouxe à tona práticas que ressaltam uma realidade alarmante: a adultização, longe de ser um fenômeno exclusivo do ambiente online, é uma realidade invisível em muitos lares. Frases aparentemente inocentes como “já é uma mocinha” ou a pergunta sobre “namoradinho(a)” frequentemente camuflam a pressão exercida sobre as crianças para que cresçam mais rápido do que deveriam.
A adultização se manifesta em várias formas do cotidiano familiar. A seringar a infância das crianças ao incentivá-las a usar maquiagem, vestir roupas sensuais e assumir responsabilidades que não correspondem à sua idade são apenas algumas maneiras que os adultos, em sua inocência, podem estar contribuindo para essa tendência preocupante. Na busca por momentos engraçados, muitos podem não perceber o impacto negativo que tais atitudes provocam em suas pequenas mentes e corações.
A auxiliar de disciplina Patrícia Dias, mãe de um jovem de 21 anos e uma menina de 5, reflete sobre a sua própria experiência. Ao longo dos anos, ela percebeu que incentivou comportamentos que, na sua visão atual, anteciparam a fase adulta de seu filho. “Ele andava sempre no meio de adultos, imitava músicas e dançava. Hoje, vejo como isso poderia ter acelerado sua infância”, confessa. Com sua filha, Liz, Patrícia se esforça para ser mais cuidadosa, respeitando o tempo lúdico dela enquanto tenta encontrar um equilíbrio saudável.
Similarmente, a professora Shirlene Apolinário, mãe de duas meninas, revela que esforça-se para preservar a infância de sua filha mais nova, Sophia. Embora tenha restrições quanto ao vestuário e ao uso de maquiagem, ela também se vê presa em certas expectativas da infância, frequentemente se pegando dizendo: “Você já é uma mocinha.” Essas pequenas mensagens podem ter um peso muito maior do que aparentam.
A neuropsicopedagoga Tathiana Moráes explica que a adultização não se refere apenas à exposição a conteúdos impróprios, mas também à sobrecarga emocional que as crianças podem sentir. Quando submetidas a discussões de adultos ou quando são requeridas a cuidar de irmãos menores, as crianças podem se sentir pressionadas, levando a tensões e angústias que afetam seu desenvolvimento cognitivo e emocional.
Além disso, a psicóloga infantojuvenil Mariana Félix alerta para sinais que podem indicar que uma criança está sendo adultizada, como preocupações excessivas com problemas dos adultos e dificuldade em participar de atividades lúdicas. Ela reforça a importância de se manter um olhar atento para evitar que os pequenos sintam o peso de responsabilidades que não deveriam carregar. Os adultos têm o poder de modificar essa realidade, permitindo que as crianças desfrutem de sua infância enquanto desenvolvem uma identidade saudável e equilibrada.
A mensagem que ressoa entre especialistas é clara: para preservar a saúde e o bem-estar das crianças, ações simples podem fazer a diferença. É crucial garantir que a faixa etária das crianças seja respeitada, promovendo um ambiente onde possam explorar, brincar e crescer sem a pressão de se tornarem adultos precoces. Que tal refletir sobre como podemos todos contribuir para um crescimento mais saudável e lúdico? Compartilhe sua opinião nos comentários!