
No dia 19 de abril de 2018, um momento histórico se desenrolou no Cartório do 6º Ofício de Registro Civil das Pessoas Naturais, em Salvador. Celidalva Oliveira, de 49 anos, e sua filha, Janice Oliveira, de 27 anos, selaram mais do que uniões civis; elas selaram a forte conexão de amor e aceitação que as une. Com suas respectivas companhias, Sandro e Angélica, mãe e filha comemoraram em conjunto, reafirmando laços familiares que vão muito além do tradicional.
Para Janice, a jornada até esse dia não foi fácil. Ela se assumiu lésbica aos 18 anos, após um relacionamento complicado com um homem. A busca por autoaceitação tornou-se mais simples com o apoio incondicional da mãe. “Quando contei a ela que gostava de uma mulher, levei um susto, mas o amor materno sempre falou mais alto”, relembra Janice, emocionada.
O convite para que elas se casassem no mesmo dia partiu de Celidalva. “Foi uma surpresa maravilhosa. A ansiedade de planejar tudo juntas e viver aquele momento único foi incrível”, comemora a joven, que já havia compartilhado 14 anos de amor e cumplicidade ao lado de Angélica. Apesar do fim do casamento, as duas permanecem amigas e se apoiam mutuamente.
Celidalva, por sua vez, revela que seu maior medo ao saber da orientação sexual da filha era o preconceito externo. “Apoiei a decisão dela e, ao vê-la feliz no altar, meu coração transbordou. É uma alegria inestimável ver minha filha realizar seus sonhos”, declara com orgulho.
A relação entre Janice e Angélica, marcada por cumplicidade e amor, enfrentou os desafios impostos por uma sociedade conservadora. Janice rememora os olhares e comentários hostis que foram constantes em sua trajetória. “Dizer que somos felizes juntas era a nossa maior rebeldia. O preconceito está presente, mas não deixamos que isso nos diminua”, afirma.
Hoje, aos 34 anos, Janice está aberta a novas experiências e sonha em se casar novamente, com a esperança de criar uma família no futuro. “No Dia do Orgulho LGBTQIAPN+, o que desejo é simplesmente ser quem sou, viver meu amor sem medo e ser respeitada por isso”, conclui.
Triste, no entanto, é a realidade que envolve a comunidade LGBTQIAPN+ no Brasil. Segundo dados do Observatório do Grupo Gay da Bahia, o país lidera o número de mortes violentas dessa população, com um aumento de 13,2% em 2024. Ao todo, 291 vidas foram perdidas, somando um triste retrato da intolerância que ainda persiste.
Assim, ao celebrarmos o amor de Celidalva e Janice, é fundamental refletir sobre a luta constante por direitos e respeito. Você também acredita que é possível construir um futuro mais inclusivo e acolhedor? Compartilhe sua opinião nos comentários.