A TARDE AGRO
Com mais de 3,3 mil produtores rurais e cerca de R$ 250 milhões movimentados por ano, cultura é fonte de renda para comunidades da região

No coração do Baixo Sul da Bahia, a tradição e a natureza se entrelaçam na produção do cravo-da-índia, uma cultura que começou durante o período colonial e que hoje impulsiona a economia local de forma vibrante. Com mais de 3,3 mil produtores rurais envolvidos e cerca de R$ 250 milhões movimentados anualmente, essa especiaria ganha destaque não apenas pelo seu valor comercial, mas também pela importância social que representa para as comunidades ruralistas.
Apesar das incertezas trazidas por doenças fúngicas e a necessidade de renovar as plantações, a comunidade se mostra resiliente. A organização em grupos solidários, em colaboração com iniciativas governamentais e de pesquisa, está sendo fundamental para revitalizar a produção, garantindo a continuidade dessa atividade milenar. De acordo com Assis Pinheiro Filho, diretor de Desenvolvimento da Agricultura da Seagri, as condições agroclimáticas do Baixo Sul são únicas. “O clima ideal, com alta umidade e chuvas bem distribuídas, favorece o crescimento do craveiro, permitindo que a cultura se estabeleça em larga escala”, afirma.
O processo de cultivo do cravo-da-índia se destaca por sua complexidade. A propagação é realizada a partir de sementes frescas, que são plantadas em substratos leves e úmidos. Após um ciclo de entre cinco e sete anos, as flores são colhidas e secas ao sol, resultando na especiaria que conhecemos. Márcio Queiroz, presidente da Aprocravo, descreve o meticuloso processo envolvido: “Os botões florais são colhidos no momento exato para garantir a qualidade do produto.” Essa dedicação se reflete também na balança comercial, já que a Bahia é um dos principais exportadores do cravo-da-índia, com destinos que vão de Emirados Árabes até o México.
Entretanto, a trajetória não é fácil. Produtores como Valdemir de Jesus Reis alertam sobre a escassez da mão de obra qualificada e a resistência das plantas, que tem apresentado problemas. “Estamos perdendo muitos plantios devido a doenças que atingem os craveiros mais velhos. Precisamos encontrar novas áreas para cultivo e melhorar as condições econômicas para manter a qualidade da produção”, ressalta.
Com a identificação de desafios fitossanitários, a mobilização dos produtores é um sinal de superação. A Seagri, em parceria com a Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), lançou um Plano Estratégico de Fomento à Cadeia Produtiva do Cravo. Esta iniciativa almeja não apenas o fortalecimento da produção, mas também valorização do produto, através de ações como o Selo de Indicação Geográfica, que certifica a autenticidade do cravo do Baixo Sul.
Esse plano inclui também controle de pragas, assistência técnica e capacitação em novas tecnologias. Assis Pinheiro Filho afirma que o objetivo é estruturar a cadeia produtiva de forma sustentável, garantindo maior renda para os agricultores e assegurando o futuro dessa cultura rica em história e relevância econômica.
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