
Em cada partida de futebol, o responsável pela arbitragem enfrenta um desafio adicional: ser mulher e negra em um ambiente tradicionalmente dominado por homens. Essa é a realidade que Daniella Coutinho Pinto, árbitra assistente da Fifa, confronta diariamente. Para ela, a transformação do futebol não começa nos holofotes, mas sim nas categorias de base, onde tudo deve começar.
Daniella entende que o preconceito não é apenas uma batalha a ser enfrentada, mas uma estrutura que precisa ser desconstruída desde a infância. Durante o seminário ‘Racismo no Futebol: Combate à Discriminação nos Estádios’, ela afirmou: “É essencial preparar mulheres e pessoas negras desde sempre para ocupar espaços que historicamente têm sido marcados por discriminação”.
Em suas palavras, a conscientização deve ser mútua. “Nós, como negros, também precisamos ser ensinados a ocupar esses espaços. Muitos desistem, assustados com as agressões que podem enfrentar. Esse fortalecimento deve começar nas bases dos clubes, para que as crianças entendam que sua cor não define seu potencial”, explicou.
Vivendo a interseccionalidade de sua identidade, Daniella traz uma perspectiva única, resultante de sua educação em uma família miscigenada. “É importante lembrar que o verdadeiro inimigo nem sempre está do outro lado. Às vezes, o racismo se manifesta na falta de fé que um negro tem em si mesmo. Precisamos empoderar nossas crianças para que elas possam acreditar em suas capacidades”, enfatizou.
Daniella não se limita a palestras; ela se conecta com jovens nas escolas, onde vê o impacto das ofensas racistas nas crianças. “Quando falo em escolas, percebo que muitos meninos e meninas ainda sentem medo, especialmente os que são mais retintos. Precisamos valorizá-los, mostrar que têm um papel importante e que não estão sozinhos nessa jornada”, reflete.
Seja como árbitra ou mentora, Daniella acredita que a transformação começa na base. “O futebol do futuro precisa ser inclusivo, e a mudança deve começar com as novas gerações. O fortalecimento de nossa identidade deve ser cultivado desde cedo, preparando o terreno para um ambiente mais justo e acolhedor”, conclui.
A história de Daniella é um chamado para todos nós. Em sua luta, encontramos uma oportunidade de reflexão e ação. Como você acredita que podemos contribuir para um futebol mais inclusivo? Compartilhe suas ideias nos comentários!