CINEMA
Filme de Scott Cooper revisita a juventude conturbada de Bruce Springsteen, revelando sua luta contra a depressão
Bruce Springsteen –
Em 2019, durante a exibição de Western Stars, um documentário que funciona como uma mescla entre performance e reflexão, fomos introduzidos à complexidade emocional de Bruce Springsteen. A obra não apenas revelou as cicatrizes que a depressão deixou em sua vida, mas também nos convidou a refletir sobre a busca pela serenidade em meio ao caos.
No novo filme, Salve-me do Desconhecido, Scott Cooper aprofunda essa introspecção, retratando a juventude tumultuada de Springsteen e o processo de criação de um de seus álbuns mais fascinantes, Nebraska, lançado em 1982. Aqui, o personagem não é apenas um ícone, mas também um jovem lutador que enfrenta suas próprias inseguranças e a solidão da luta contra a depressão.
Jeremy Allen White, conhecido por sua atuação em The Bear, assume o papel de Springsteen. Ele traz à tela a essência do artista, não apenas com trejeitos físicos, mas também ao capturar a qualidade emocional que permeia suas experiências. O ator transforma-se em Springsteen, adotando uma voz rouca, refletindo o desgaste que os shows e a pressão artística impuseram ao cantor.
Cooper, também co-roteirista, não busca criar uma cinebiografia convencional, mas sim um retrato fiel de um período sombrio na vida do músico. Falando sobre a relação complicada entre Bruce e seu pai, Douglas, interpretado por Stephen Graham, o filme mostra como a paternidade e as expectativas se entrelaçam nas raízes da depressão. O diálogo entre pai e filho torna-se um elo que, ao mesmo tempo, é doloroso e necessário, e que finalmente permite a ambos um momento de conexão profunda.
A expressão de sentimentos de Bruce em suas letras se torna evidente, especialmente em relação a momentos de vulnerabilidade compartilhados com seu pai, que também enfrenta suas próprias demoras emocionais. Através do cinema, o pai se conecta ao filho, simbolizando a cultura pop que influenciou o artista ao longo de sua vida.
Cenas icônicas de filmes como Terra de Ninguém aparecem como uma influência direta na composição de suas músicas, ilustrando como a arte moldou não apenas o homem, mas também o ícone musical que conheceríamos. O filme nos brinda com uma jornada de autodescoberta e maior compreensão do ser humano, mostrando que a luta contra a tristeza pode, de fato, transformar-se em algo belo e significativo através da arte.
Filme sobre Bruce Springsteen | Foto: Divulgação
Salve-me do Desconhecido é, no cerne, uma reflexão sobre o crescimento pessoal e a busca por paz interior. A imposição das feridas emocionais de Bruce ao longo de sua vida reflete o desejo de libertação e a luta para deixar para trás o que o aprisiona. “Passei 35 anos tentando aprender a deixar para trás as partes destrutivas de minha persona”, reflete Bruce. É essa sinceridade que ecoa fortemente em sua música e agora no cinema.
A obra é um testemunho de um artista que não teme expor suas fraquezas, inspirado pela necessidade de evolução. O filme convida o público a se unir nessa jornada de autodescoberta e aceitação. Você também já se sentiu assim? Compartilhe sua opinião e vamos discutir sobre a luta pela paz interior!