
Na mágica noite do dia 27 de agosto, o Cine Glauber Rocha se transformou em um verdadeiro templo de celebração e memória. A pré-estreia do documentário “3 Obás de Xangô”, assinado pelo talentoso Sérgio Machado, não foi apenas uma exibição, mas um reencontro vibrante com as figuras imortais da cultura baiana: Jorge Amado, Carybé e Dorival Caymmi. A atmosfera estava carregada de emoção, refletindo a rica herança cultural da Bahia.
O público, ansioso e encantado, encheu as poltronas do cinema, pronto para aplaudir não só as obras, mas também o legado dos “três obás”. Em meio a risos e lembranças, a letra de Dorival em “São Salvador” ecoava: “a terra do branco, mulato e do preto doutor”, evidenciando a diversidade e a força da Bahia. O filme, que já conquistou prêmios em festivais renomados, oferece um olhar profundo sobre essas figuras e a cultura afro-brasileira.
Sérgio Machado compartilhou a importância pessoal que a estreia em sua terra natal representa. “Lançar em casa é uma tensão maior. Você quer que os baianos se identifiquem. Isso é a coroação de um processo muito bonito, abençoado por Xangô”, refletiu, revelando sua ligação íntima com a temática do filme. Ele reflete a luta da sua mãe no enfrentamento da intolerância religiosa, uma questão ainda muito presente na sociedade atual.
Autoridades e líderes do Candomblé também testemunharam a relevância do trabalho de Machado. Mameto Kamurici da Gomeia, ligada à tradição religiosa, enfatizou como o documentário é uma obra de resistência em um momento de crescente intolerância. A relação que Jorge Amado tinha com a fundadora do terreiro, Mãe Mirinha de Portão, é um dos muitos laços que tornam essa história essencial.
A presença de Solange Bernabó, filha de Carybé, trouxe um toque ainda mais pessoal ao evento. Ela relembrou momentos de descontração entre os três obás, que iam além das discussões intelectuais. “O filme captura a amizade genuína deles, mostrando não apenas a relação com a religião, mas também com o afeto e a alegria de estarem juntos”, afirmou, destacando o tom leve e humano que permeia a obra.
Sérgio também agradeceu ao cineasta João Moreira Salles, que ofereceu material inédito de Jorge Amado, aumentando a profundidade e a autenticidade do filme. “São momentos de afeto, que trazem Jorge à vida de uma forma única”, celebrou, despedindo-se para saudar as figuras centrais do seu olhar cinematográfico.
O documentário destaca-se não apenas por suas narrativas, mas por seu papel crucial na luta contra a intolerância religiosa, reforçando a mensagem de união e resistência. O convite está feito: venha vivenciar essa história rica em emoção e cultura. O que você achou da representação da cultura baiana neste documentário? Deixe seu comentário e compartilhe suas impressões!