
Um debate fervoroso se instaurou em Santa Catarina, onde a vereadora Jéssica Lemoine, apoiadora do ex-presidente Jair Bolsonaro, propôs a exclusão do livro Capitães de Areia de Jorge Amado das escolas públicas. Caso aprovada, essa ação representaria um retrocesso inquietante para a literatura brasileira, que, embora tenha enfrentado censura em seu lançamento, agora novamente se vê à mercê de interpretações políticas.
Lançada em 1937, a obra é um retrato emocionante de um grupo de crianças marginalizadas, lideradas por Pedro Bala, que enfrenta a duríssima realidade da violência e do abandono em Salvador. A profundidade desse romance tem o poder de promover reflexões sobre as injustiças sociais, elementos que parecem incomodar alguns setores atualmente.
Durante a sessão na Câmara Municipal de Itapoá, a vereadora Lemoine defendeu sua proposta alegando que o livro “romantiza o estupro” e insinuando que a classificação indicativa havia sido alterada para permitir o acesso de alunos do 7º e 8º ano, com idades entre 12 e 13 anos. Sem apresentar evidências concretas, ela afirmou estar em sintonia com pais preocupados com o conteúdo da obra, levantando questões sobre a influência ideológica nas escolas.
O que está por trás dessa proposta? Lemoine insinuou que a inclusão de Jorge Amado no material didático seria uma estratégia da “esquerda” para “infiltrar” suas ideias nas mentes jovens. Uma teia de desinformação que levanta a questão sobre o espaço da literatura na educação—um espaço que deveria ser reservado ao pensamento crítico, à reflexão e à liberdade de expressão.
A Academia Brasileira de Letras (ABL) não ficou calada. Em nota de repúdio, o presidente Merval Pereira expressou as preocupações da entidade, qualificando a tentativa de censura como “patética”. A defesa da liberdade de expressão e a valorização da literatura, segundo a ABL, são fundamentais na formação dos jovens, e momentos como esses trazem à tona a pressão que obras clássicas ainda enfrentam.
A literatura deve ser um espaço onde vozes diversas possam ecoar, e não um campo de batalha ideológico. O retorno a práticas censórias não só prejudica a educação, mas ameaça o legado de escritores que lutaram para expor a verdade de sua época. Como a sociedade reagirá a essa proposta que quer silenciar uma das mais importantes vozes da literatura brasileira?
Convidamos você a refletir sobre a importância da liberdade de expressão na literatura e a expressar sua opinião. O que você acha sobre a proposta de censura a Capitães de Areia? Compartilhe suas ideias nos comentários!