5 outubro, 2025
domingo, 5 outubro, 2025

Essa cidade na Bahia é um verdadeiro paraíso das ostras

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GASTRÔ

17º Festival Cultural e Gastronômico da Ostra ocorre nos dias 11 e 12 em Cachoeira

Gilson Jorge

Por Gilson Jorge

05/10/2025 – 7:02 h

Festa da Ostra reúne milhares em Cachoeira

Festa da Ostra reúne milhares em Cachoeira –

Entre os municípios de Cachoeira e Maragogipe, no Recôncavo Baiano, há um terreno de Mata Atlântica com mais de 10 mil hectares e cerca de 1.150 habitantes, que desde 11 de agosto de 2000 é conhecido como a Reserva Extrativista Marinha da Baía do Iguape. Nessa comunidade, onde há um terreiro de umbanda, o cultivo de ostras é a atividade econômica mais importante, mas há duas décadas ainda era praticamente inviável, pois quase ninguém ia a essa região remota para comprar os moluscos.

Isso começou a mudar em 2008 quando alguns moradores resolveram criar uma festa para atrair visitantes à reserva. “A gente ficava sem saber o que fazer. Eu pedi ajuda a Jesus e aos orixás e veio a ideia de fazer uma festa”, explica Mãe Juvani Viana, líder comunitária da reserva, que desde 1972 está à frente do terreiro de umbanda 21 Aldeia de Mar e Terra.

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Surgia assim no Quilombo Kaonge, no município de Cachoeira, o Festival Cultural e Gastronômico da Ostra, cuja 17ª edição acontece no próximo final de semana, nos dias 11 e 12. No cardápio, ostras empanadas, ostra frita, vários tipos de moqueca de ostra (com maxixe, com mamão verde, com banana, com repolho, com chuchu), além de torta de ostra, pastel de ostra, empanada de ostra, caldo de ostra e ajeum do vunji, uma combinação de caruru, moqueca de ostra e ostra empanada.

Além da crescente visitação à reserva nos dias do evento, a divulgação anual do festival incentiva o intercâmbio ao longo do ano entre os quilombolas e outras regiões do estado, principalmente Salvador, onde bares e restaurantes se tornaram compradores frequentes das ostras.

A cada 15 dias, sai um caminhão refrigerado com uma carga que oscila entre cerca de 500 a mil ostras para a capital, o que se reflete no uso de mais mão de obra. Atualmente, 113 pessoas trabalham na coleta de ostras, cerca de 10% da população da reserva. “Há gente na fila de espera para trabalhar no cultivo de ostras, mas não temos os recursos suficientes”, afirma Ananias Viana, outra liderança comunitária.

Travesseiros

Imagem ilustrativa da imagem Essa cidade na Bahia é um verdadeiro paraíso das ostras

| Foto: Divulgação

Uma das questões que impedem o aumento da mão de obra na cultura das ostras é a falta de dinheiro para comprar os chamados travesseiros, uma estrutura de resina de petróleo em forma retangular utilizada para a captura de ostras de maior porte. “Esses travesseiros são comprados no Rio Grande do Sul por R$ 36 a unidade”, afirma Ananias. A captura das ostras é concentrada nos finais de semana, quando os trabalhadores têm folga de suas outras atividades.

No total, são utilizados 100 travesseiros, equipamentos que têm uma vida útil de pelo menos cinco anos. Para a captura de ostras menores, os ostreicultores do Iguape usam uma técnica simples com a utilização de garrafas pet.

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Ananias afirma que a atividade teve apoio do Governo do Estado no início das atividades, mas considera que é difícil atrair patrocínio privado.

A comunidade utiliza o conceito “afroempreendedorismo” mas refuta a noção de empreendimentos individuais. “Temos uma cultura de desenvolver projetos coletivos. Não fazemos nada focando na individualidade e isso afasta empresas”, considera Ananias.

A organização do festival estima uma visitação diária em torno de cinco mil pessoas, incluindo visitantes oriundos de Salvador, moradores da região e pesquisadores interessados na cultura quilombola.

Rota da liberdade

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| Foto: Divulgação

O festival integra a Rota da Liberdade, circuito de turismo em quilombos no Recôncavo Baiano. O crescimento do interesse pelo festival ecoa os dados sobre turismo da Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar (Pnad) divulgados no último dia 2. O estudo aponta que as viagens por lazer e gastronomia foram o único segmento a crescer ao longo dos últimos cinco anos, passando de 15,5% das viagens em 2020 para 24, 4% em 2024.

Na parte musical do festival, as principais atrações são o Ilê Aiyê e Silvano Salles, mas haverá apresentações também de Samba Trator, Escandurras e Ana Catarina.

O ingresso no festival é feito através da doação de 2 quilos de alimentos não-perecíveis, que srrão destinados à campanha Bahia Sem Fome, promovida pelo Governo do Estado. Moradores da reserva não precisam doar alimentos para participar do evento.

Este ano o festival tem como tema Agricultura Familiar – Raízes da Terra e o Futuro da Alimentação. A programação inclui oficinas, rodas de prosa, feira de economia solidária, apresentações culturais e recreação infantil.

Declarado Patrimônio Imaterial e Cultural pela Câmara Municipal de Cachoeira, o Festival da Ostra é considerado uma afirmação da identidade quilombola na reserva e um instrumento de valorização do território.

O festival começa, de fato, na sexta-feira, com uma programação voltada para convidados. Depois da abertura, com Mãe Juvani e Ananias Viana, a agenda segue com o 11º Encontro de Lideranças Quilombolas do Recôncavo. A programação aberta ao público começa no sábado. Depois da abertura, às 9h, acontece a roda de prosa sobre agricultura familiar, com o tema Raízes da terra e o futuro da alimentação. Mais informações sobre o evento podem ser obtidas na página do Instagram @festadaostraoficial .

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