26 setembro, 2025
sexta-feira, 26 setembro, 2025

O Cortejo Afro foi vítima de racismo — vai ficar por isso mesmo?

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Imagem ilustrativa da imagem O Cortejo Afro foi vítima de racismo — vai ficar por isso mesmo?

No último domingo, um incidente inusitado ganhou as redes sociais e chamou a atenção do Brasil. O que parecia ser a hipocrisia de um artista hollywoodiano, Wagner Moura, gerou polêmica quando foi insinuado que ele estaria sendo “protegido” por um homem negro portador de um sombrero durante um protesto. O que muitos não perceberam, porém, era a verdadeira essência por trás daquela cena.

A narrativa viralizou rapidamente e, mesmo diante de tentativas de esclarecer os fatos, muitos preferiram ficar presos à sua interpretação preconceituosa. “Essa é a desculpa que inventaram para justificar o guarda-sol de Wagner Moura!” ecoaram vozes nas redes. Mas esse não era um guarda-sol ordinário. Era a representação de um movimento cultural que merece ser explorado.

Pessoalmente presente no evento, tive o privilégio de documentar a cena. Assim que o sombrero subiu ao palco junto com o trio de Daniela Mercury, ela fez questão de ressaltar: “Chegou o Cortejo Afro!”. O portador do sombrero, Veko Araújo, estava ali não para proteger Wagner do sol, mas para representar um projeto coletivo vibrante que é o Cortejo Afro.

Curiosamente, a presença de Wagner Moura foi efêmera em comparação ao papel do sombrero, já que ele só chegou ao trio 19 minutos depois, e a temperatura em Salvador estava amena, longe do “inferno” que muitos imaginavam. O sombrero, frequentemente visto em eventos noturnos, não tinha a função de resguardar alguém do calor, mas de simbolizar a arte e o espírito do Cortejo Afro, um projeto que extrapola o individual.

Se você para e pensa no Olodum, provavelmente imagens de um símbolo coletivo vêm à mente: os tambores listrados que não pertencem a um único indivíduo, mas a um movimento de unidade. O mesmo se aplica ao Cortejo Afro, que, ao ser apresentado no programa especial de 40 anos de axé, fez questão de destacar a importância do sombrero — uma arte que representa a união e a cultura negra da Bahia.

É essencial refletir sobre o que levou muitos a se apegar a uma cena de meros 12 segundos e ignorar a rica tapeçaria cultural que a cercava. O que se disse sobre Wagner Moura pode ser minimizado como uma fofoca infundada, mas desmerecer Veko e o Cortejo Afro é uma ofensa a uma cultura inteira. Chamemos pelo nome: racismo. O que ficou evidente é que essa situação foi usada como uma ferramenta para criticar um artista famoso, sem considerar o imenso significado por trás da arte ligada ao Cortejo Afro.

O que ocorreu foi um claro reflexo de estereótipos e interpretações enviesadas que não fazem justiça a uma cultura rica em diversidade e história. Não se trata apenas de uma interpretação errônea; é sobre a necessidade de entendermos e respeitarmos as narrativas que existem fora do nosso contexto imediato. O que é certo é que é hora de abrir os olhos para a beleza da cultura afro-brasileira e dialogar sobre o que realmente se passa por trás destas representações.

Convido você a refletir sobre isso e comentar abaixo: como podemos, juntos, combater preconceitos e celebrar a diversidade cultural que forma parte da nossa sociedade?

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