
OKÊ ARÔ! SALVE O REI!
Quadrinho de Pedro T.O.S. Ribeiro e Chao Gizan traz uma autêntica aventura de super-heróis na Salvador dos dias atuais
Em uma trama que mistura ação e espiritualidade, encontramos William, um jovem baleado à queima-roupa que, em sua experiência entre a vida e a morte, é agraciado com poderes sobrenaturais pelos orixás. Ao retornar ao mundo dos vivos, não traz apenas uma segunda chance, mas uma ardente missão de vingança contra aqueles que tentaram ceifar sua vida. E assim, nasce Oxóssi.
A história não se limita a mais um super-herói de colante. Oxóssi é a representação de uma luta nas ruas de Salvador, onde a ação se desenrola em seus bairros mais humildes, e suas habilidades derivam das ricas tradições religiosas afro-brasileiras. O roteiro, escrito por Pedro T.O.S. Ribeiro, alia a mitologia aos desafios contemporâneos, desenhando um herói que não apenas busca justiça, mas também se torna um símbolo de resistência.
Após conquistar leitores em edições anteriores, a terceira parte da saga traz novos desafios e desenvolvimento para William, agora imbuído dos poderes do caçador Oxóssi. A narrativa se entrelaça com as paisagens e vibrações da capital baiana, onde cada telhado e muro carrega a história e a luta de um povo. O traço de Chao Gizan dá vida a essa cidade vibrante, mostrando-a como um personagem central da história.
“O cenário deve servir, também, como personagem. Fico feliz com a percepção citada”, afirma Gizan. “As paredes de Salvador falam por si mesmas, e nós buscamos representar isso com fidelidade”, explica. O quadrinho não se limita a entreter, mas convida à reflexão sobre problemas reais que afetam a população soteropolitana, incluindo a intolerância religiosa e as questões sociais que permeiam a vida dos mais vulneráveis.
Pedro Ribeiro complementa: “Escrever sobre Salvador não é um desafio; o desafio é conduzir as pessoas a verem a ‘minha Salvador’ nas páginas. Nela, olhamos soluções para os problemas reais, transformando our Senhora da Conceição em uma heroína.” Esse pano de fundo é crucial, já que oxigenam questões como violência e preconceito, sempre com um olhar crítico e atento.
A presença dos orixás é uma das marcas do quadrinho, e sua representação foi cuidadosamente discutida entre Pedro e Chao. “Queríamos que a arte dos orixás fosse imponente, mesmo em preto e branco. Essa escolha trouxe tabus à tona, mas optamos por honrar a ancestralidade”, destaca Pedro. Essa abordagem se revela uma escolha acertada, como afirma Gizan, que ressalta a majestade e o misticismo que permeiam a cultura afro-brasileira.
Oxóssi é, em última análise, um convite à ação e à reflexão. Não se trata apenas de um super-herói em uma jornada de vingança, mas de uma profunda homenagem à cultura e às lutas que moldam Salvador. Ao virar cada página, o leitor é lembrado da complexidade do mundo real e do poder que reside na esperança e na resistência.
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