
Ser pai é mais do que simplesmente ocupar um espaço na vida dos filhos; é um compromisso inabalável, como demonstra Giovani Damico, de 33 anos. Desde o momento em que suas filhas nasceram, ele decidiu que estaria presente em cada pequeno detalhe, transformando-se na figura paterna que nunca teve. “Eu fui criado sem pai e isso me motivou a ser o que ele não pôde ser para mim”, revela Giovani, que busca ser uma referência sólida e constante na vida de Lúthien, de 10 anos, e Mei-li, de 2 anos.
O caminho até aqui não foi fácil. A perda das mães das meninas em momentos tão desafiadores moldou sua jornada como pai solo. Lúthien perdeu sua mãe, vítima de câncer, quando tinha apenas um ano. Mais tarde, a vida de Giovani seria novamente marcada pela dor com a morte de Lude Montalvão, outro amor que partiu, deixando Mei-li para ele criar sozinho. Tal realidade exigiu que Giovani se tornasse não apenas um pai, mas um verdadeiro pilar de amor e força em meio ao luto.
Giovani acredita firmemente que a educação deve ser baseada no diálogo e na confiança. Ele busca cultivar um ambiente onde suas filhas possam crescer com autonomia. “Prefiro a conversa ao lugar de ter todas as respostas. Isso cria laços de confiança e promove um aprendizado significativo.” Para ele, a qualidade do tempo que passa com elas é mais importante do que a quantidade, e mesmo em meio ao cansaço e desafios, valoriza cada momento especial, seja para conversar, rir ou jogar juntos.
Criar meninas em um país com desafios sociais e violência de gênero representa uma tarefa delicada. “Conversei muito sobre o que é o assédio e outras formas de violência”, diz Giovani, reconhecendo a necessidade de preparar suas filhas para a realidade que as rodeia. Ele defende que o diálogo deve ser progressivo, abordando esses tópicos de forma contínua, em vez de esperar por um momento de conversa dramática.
Mesmo diante das dificuldades, Giovani resiste e busca encorajar suas filhas a desfrutar da vida, brincando nas ruas e encarando o mundo com coragem. “É uma questão de não legitimar uma realidade que não desejamos. Precisamos de resistência e esperança”. Ele também se preocupa em expandir as referências das filhas, incentivando-as a se conectar com outras figuras significativas, além de serem apenas suas filhas.
Giovani enfrenta ainda os preconceitos que cercam os pais solo. Em sua trajetória, já sentiu o peso do olhar desconfiado, especialmente em espaços públicos, onde muitos subestimam suas habilidades. “É essencial que a presença dos pais na criação das crianças se torne comum, pois isso ajuda a dissipar esses preconceitos”, finaliza, reafirmando que a mudança começa com uma nova geração de pais e a quebra de estigmas.
Você também já vivenciou desafios na paternidade? Conte sua experiência nos comentários e vamos trocar ideias sobre como ser um pai ou mãe presente e amoroso.