“VOLTEI A CANTAR”
Autor de músicas gravadas por Bethânia e Daniela Mercury celebra 40 anos de carreira
Por Eugênio Afonso
10/10/2025 – 13:15 h

O músico e produtor Paquito –
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Cantor e compositor bissexto, o jequieense Paquito, 61, decidiu voltar aos palcos com o show em que o título já diz tudo: Voltei a cantar. A apresentação acontece amanhã, às 21h, na intimista Casa da Mãe (Rio Vermelho).
Para o artista, este show – já realizado em janeiro deste ano –, cujo título é tirado de uma canção do compositor carioca Lamartine Babo feita para a volta do cantor Mario Reis, na década de 1940, representa uma comemoração e um balanço de sua carreira de 40 anos.
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“O propósito do show é voltar a me apresentar porque o último disco que fiz, em 2019, foi o Xará, né? E eu o lancei logo no início da pandemia, então não pude trabalhar muito o disco. Agora, tô querendo voltar a fazer show, me apresentar. Basicamente, é isso”, conta Paquito.
Ele garante que, neste show, o público vai vê-lo desnudado. “Porque desta vez sou só eu e meu violão, né? Eu gosto assim porque as músicas estão, assim como eu, nuas”. O ritmo predominante de Voltei a cantar será o samba, mas a apresentação também contará com baião e rock.
No repertório, canções representativas da carreira do músico baiano gravadas por Bethânia, Daniela Mercury e Jussara Silveira, dentre outros, além de outras músicas autorais e também de outros artistas, como Lamartine Babo, Assis Valente, Humberto Teixeira e os sambistas baianos Riachão e Batatinha.
“Vou cantar músicas de outros compositores que admiro. E como já tenho um tempo de carreira, vou cantar canções dos primeiros tempos, canções da época que tinha banda de rock, e canções mais novas também dos discos anteriores”, detalha Paquito.
Originalidade
Sempre à margem do que tem prevalecido na mídia em termos musicais, o artista reforça que faz o que gosta e quer. “Eu acho que, como artista, sou um autor e procuro dar uma personalidade, uma originalidade ao que faço. Eu procuro ser original”.
Ele afirma ainda ter tido muitas felicidades na carreira. “Ter produzido os discos de Batatinha e Riachão, ter sido parceiro de Duda, Gerônimo, J. [Velloso], e as amizades feitas com os meninos do Flores do Mal, com quem aprendi a tocar”.
E, independente de qualquer questão sobre o show, Paquito acha importante se posicionar e frisar que estamos vivendo um tempo muito ‘pirado’. “Essa coisa de crise climática e ascensão dessa extrema direita no mundo, eu acho que a gente, artisticamente, tem que responder a isso com canções robustas”.
“Eu tenho procurado fazer isso. Tem o Melô do Aquecimento Global, que tá no meu disco Xará, tem a música Barulhento, que fala dessa questão do barulho e, inclusive, é a faixa que Caetano (Veloso) canta comigo no disco. Então, tenho procurado fazer isso, além de ser um compositor muito romântico e amoroso. Agora, de um romantismo moderno, que pode ser também barra pesada”, admite o compositor.
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Profundo conhecedor da era de ouro da música popular brasileira, quem quiser conhecer um pouco mais sobre a trajetória de Paquito, pode acompanhá-lo no YouTube através do canal que leva seu nome, na coluna Jequietcong, onde o artista comenta e analisa o cancioneiro nacional. Pode também assistir ao clipe da canção Xará (que dá título ao seu último disco).
“A música brasileira é uma coisa que me norteia. Eu comecei ouvindo Roberto Carlos, que me levou ao rock, aí quis ser compositor quando ouvi Chico Buarque, aí me interessei pela Tropicália, por Caetano, Gil, Gal, Betânia, Tom Zé. Depois, voltei meus ouvidos para o que se fez atrás, nas décadas de 1930, 40: Noel Rosa, Lamartine Babo, Assis Valente, Carmen Miranda, Ary Barroso. Eu adoro esse momento da música brasileira, da era do rádio, sou apaixonado”, finaliza Paquito.
Minibio
Nascido Antônio José Moura Ferreira, Paquito ganhou este apelido do músico Ataualba Meirelles e começou a carreira nos anos 1980, integrando a banda de rock Flores do Mal.
Já foi gravado por Bethânia (Brisa, sobre versos de Manuel Bandeira), Daniela Mercury, Jussara Silveira (O que pode ser), Renato Brás e Sarajane, dentre outros. Produziu, com J. Velloso, dois CDs (Diplomacia, de Batatinha, prêmio Sharp de melhor disco de samba de 1999, e Humanenochum, de Riachão, indicado ao Grammy Latino de 2001, com participações de Caetano, Gil, Chico Buarque e Bethânia, dentre outros.
Gravou o programa Ensaio (TV Cultura), de Fernando Faro, em 2004, e três CDs autorais, Falso baiano (2003), Bossa trash (2008) e Xará (2019), este último com participações de Caetano e Gerônimo.
Em 2020, Paquito voltou a gravar com a Flores do Mal, lançando o álbum Aquela dor. De 2006 a 2014, foi colunista do Terra Magazine, do jornalista Bob Fernandes. Sua coluna Jequietcong, no YouTube, tem posts periódicos com opiniões sobre música popular.
Voltei a cantar / 11 de outubro / 21h / Casa da Mãe (Rio Vermelho) / couvert: R$ 30
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