
Em Salvador, um projeto de parque público está despertando controvérsias. O terreno conhecido como Graça, de 8,3 mil m², será discutido na Câmara Municipal em uma audiência marcada para a próxima quinta-feira, dia 14, às 9h30. A proposta, apresentada pelo vereador Hélio Ferreira (PCdoB) em dezembro de 2023, promete criar um espaço verde que beneficiaria a comunidade, oferecendo recreação e melhorando a qualidade de vida.
No entanto, por trás dessa justificativa se esconde uma manobra: a desapropriação do terreno poderia, na verdade, abrir caminho para a construção de um empreendimento de alto padrão da família Cunha Guedes. A expectativa é de que o novo condomínio tenha pelo menos três torres, com apartamentos que oferecerão vistas deslumbrantes da Baía de Todos-os-Santos, localizada próxima à Ladeira da Barra.
Curiosamente, a área já conta com alvará de construção, mesmo sem um debate prévio na Câmara. A responsabilidade pela obra deverá ficar a cargo da construtora Costa Andrade, que, até o momento, não respondeu às tentativas de contato do Portal A TARDE.
Apesar da proposta ter sido apresentada por um vereador da oposição, a desapropriação parece atender interesses de aliados do Executivo, incluindo figuras influentes como o ex-prefeito ACM Neto (União Brasil) e empresários ligados ao governo. Isso levanta questões sobre a real transparência e a finalidade do projeto.
Em meio à polêmica, vereadores da base governista expressam insatisfação com a falta de clareza em relação a processos de desapropriação. Segundo fontes, muitos integrantes da Câmara estão “engasgados” com ações que não têm transparência, indicando que a proposta poderá enfrentar resistência ao longo de sua tramitação. Mesmo em fase inicial, o projeto ainda precisa passar por audiências públicas e discussões em comissões antes de ser votado.
A Prefeitura, através da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, afirmou não ser responsável pelas desapropriações. A Secretaria da Fazenda também ressaltou que a área em questão não é pública e não foi objeto de desafetação, deixando claro que a origem da proposta cabe inteiramente ao Poder Legislativo.
Esse projeto, que poderia representar um avanço na qualidade de vida dos cidadãos, está imerso em contornos nebulosos e interesses duvidosos. O que você pensa sobre essa situação? Deixe seu comentário e compartilhe sua opinião!