
Nos últimos anos, os sistemas de reconhecimento facial têm ganhado destaque nos condomínios de Salvador, proporcionando uma nova perspectiva em termos de segurança e economia. Essa tecnologia, que promete substituir a portaria tradicional, traz consigo importantes considerações sobre privacidade e conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD).
A pandemia trouxe um novo cenário para muitos condomínios, forçando-os a buscar alternativas para reduzir custos. A síndica profissional Rose Smera relata que a eliminação da portaria humana foi uma das soluções encontradas. “Além da economia, o reconhecimento facial contribui significativamente para a segurança”, afirma.
Atualmente, o rosto dos moradores se tornou a chave ou tag de acesso. Contudo, esse avanço não é isento de regras. A LGPD classifica a biometria como um dado pessoal sensível, o que exige consentimento explícito dos moradores para sua coleta e uso. Os residentes têm o direito de saber como seus dados serão utilizados e podem solicitar sua exclusão quando necessário.
O consentimento e a transparência são fundamentais. Smera destaca que a implementação do sistema só ocorre após a aprovação em assembleia de moradores, e alternativas como senhas ou tags permanecem disponíveis para aqueles que não desejam fornecer seus dados biométricos. A proteção dos dados também é garantida por cláusulas contratuais com as empresas fornecedoras, assegurando que as informações sejam usadas apenas para controle de acesso.
O síndico Rildo Oliveira, que administra vários condomínios, também é defensor da tecnologia. Ele aponta que o uso do reconhecimento facial oferece controle sobre os acessos e facilita a gestão. “Os dados são restritos à administração, limitando-se apenas à identificação de nome e unidade”, explica.
Entretanto, o crescimento dessa tecnologia levanta preocupações. Em um recente incidente em Jundiaí, a Polícia Civil investigou a venda de dados pessoais de moradores na dark web, reacendendo o debate sobre a segurança da informação. Especialistas alertam que sistemas de reconhecimento facial podem ser alvos de vazamentos, potencializando o risco de fraudes e golpes, especialmente com o uso de deepfakes.
Rosana Sarmento, advogada especializada, alerta sobre o uso indevido das imagens, enfatizando a importância de uma vigilância contínua por parte dos síndicos. “É essencial que os gestores estejam atentos a essas questões, uma vez que a proteção de dados deve ir de mãos dadas com a inovação”, ressalta.
Empresas como a MyCond, que atua na gestão condominial, veem o reconhecimento facial como uma resposta à crescente sensação de insegurança urbana. Ana Rita Oliveira, CEO da empresa, argumenta que essa tecnologia pode ser igualmente, senão mais, segura do que métodos tradicionais, ao eliminar riscos associados a informações divulgadas por funcionários.
Ela reforça que todos os contratos incluem cláusulas de conformidade com a LGPD, garantindo que as imagens dos moradores não sejam utilizadas para fins além do controle de acesso. A responsabilidade dos gestores vai além da adoção da tecnologia; é necessário realizar um mapeamento claro e rigoroso do tratamento de dados, garantindo que os direitos dos moradores sejam respeitados.
Portanto, a adoção do reconhecimento facial em condomínios de Salvador representa um avanço significativo em segurança, mas também exige uma abordagem cuidadosa em relação à proteção de dados. A verdadeira inovação ocorre quando a segurança e os direitos de privacidade caminham juntos. E você, o que pensa sobre a implementação dessa tecnologia nos condomínios? Compartilhe sua opinião nos comentários!