No coração da Feira Permanente do Setor P Norte, em Ceilândia, uma investigação reveladora abalou as estruturas de um local que funcionava como um ponto de prostituição camuflado. A Polícia Civil do Distrito Federal desmantelou o que ficou conhecido como a “banca do trepa-trepa”, um centro de trocas ilícitas que envolvia não apenas a venda de bebidas, mas também tráfico de drogas.
Após uma reportagem que expôs a situação, um policial infiltrado confirmou as atividades criminosas, flagrando um homem trocando objetos com uma mulher, que mais tarde admitiu ter comprado cocaína. Com as provas em mãos, a polícia agiu, encerrando as operações da banca e trazendo à tona uma realidade que muitos preferiam ignorar.
A primeira impressão de quem visita o local é de um negócio que mescla diversão e sedução. Jovens mulheres, com idades entre 18 e 25 anos, atuam como “iscas”, vendendo cervejas em um ambiente que sugere uma liberdade provocativa. Comissões de R$ 5 por garrafa vendida incentivam uma meta diária importante. Apesar da fachada de venda de bebidas, o ambiente muitas vezes flerta com a prostituição. As vendedoras afirmam que estão apenas vendendo bebidas, mas a linha entre comércio e exploração é tênue.
Os preços exorbitantes impressionam os novatos: uma long neck não sai por menos de R$ 15, e garrafas maiores podem custar até R$ 93. As clientes habituais, no entanto, não hesitam em gastar, frequentemente deixando em uma tarde quantias que variam de R$ 2 mil a R$ 3 mil. O som alto de funk e sertanejo preenche o ar, criando uma atmosfera vibrante que atrai ainda mais o público masculino.
A figura da comerciante, responsável pela famosa “banca do trepa-trepa”, revela uma dinâmica intrigante. Comandando o lugar com um celular na mão, ela promove não apenas as bebidas, mas também um cenário onde garotas de programa são apresentadas como parte do serviço, mesclando interesses supostamente inocentes e uma oferta de sexo. As festas exclusivas para políticos que ela menciona adicionam uma camada ainda mais polêmica a essa realidade.
Até mesmo a presença de assédio e a exposição das mulheres estão entranhadas nesse modelo de negócio. Algumas jovens que trabalham ali veem isso como uma forma de complementar a renda, mesmo que com riscos associados. O contraste é gritante: enquanto a banca do álcool prospera, muitos boxes tradicionais na feira permanecem vazios, em um retrato claro das dinâmicas contemporâneas de exploração e sobrevivência econômica.
Essa ousada operação policial não apenas desmantelou um esquema ilegal, mas também expôs questões urgentes sobre aproveitamento, trabalho precário e a busca incessante por dignidade em ambientes que deveriam ser de apoio e segurança. É um convite para refletir sobre os limites do entretenimento, da moralidade e da exploração. Você já presenciou algo semelhante? Compartilhe suas experiências e opiniões nos comentários!