A Receita Federal realiza, nesta quinta-feira (16/10), força-tarefa em pelo menos 13 cidades de São Paulo para coletar amostras de metanol em empresas do setor sucroalcooleiro, apontadas como importadoras e distribuidoras da substância química. O objetivo é rastrear a procedência do metanol e fazer a comparação com o material encontrado em bebidas adulteradas apreendidas em outras operações.
Treze cidades são alvo da Operação Alquimia em São Paulo: Guarulhos, Cotia, Arujá, Suzano e Jandira, na região metropolitana, e Araçariguama, Avaré, Cerqueira César, Laranjal Paulista, Limeira, Morro Agudo, Palmital e Sumaré, no interior do estado.
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Operação Alquimia – Receita Federal faz força-tarefa para rastrear origem do metanol em bebidas alcoólicas em SP e outros 4 estados
Divulgação/Receita Federal
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Operação Alquimia – Receita Federal faz força-tarefa para rastrear origem do metanol em bebidas alcoólicas em SP e outros 4 estados
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Operação Alquimia – Receita Federal faz força-tarefa para rastrear origem do metanol em bebidas alcoólicas em SP e outros 4 estados
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Quadro da Receita Federal mostra possível esquema de importação de metanol até sua possível destinação irregular
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Desdobramento das operações Boyle e Carbono Oculto, a força-tarefa desta quinta-feira também é cumprida em outros quatro estados: Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Participam das diligências equipes da a Polícia Federal, da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
As operações Boyle e Carbono Oculto já haviam revelado um esquema de adulteração de combustíveis com metanol. Segundo a Receita Federal, há fortes indícios de que esse combustível adulterado esteja sendo utilizado na fabricação clandestina de bebidas alcoólicas, configurando uma cadeia de irregularidades com alto potencial de risco à saúde pública (veja abaixo).

A coleta de elementos e amostras pelos órgãos da força-tarefa ocorre em 24 empresas do país. Os alvos foram escolhidos com base no potencial de envolvimento na cadeia do metanol, desde a importação da substância até sua possível destinação irregular. Entre eles há importadores, terminais marítimos, empresas químicas, destilarias e usinas.
Entenda o papel das empresas
Os importadores são responsáveis pela entrada do metanol no país, utilizando-o em seus processos produtivos e revendendo o produto para empresas químicas.
Nos terminais marítimos, empresas movimentam volumes expressivos de metanol, que permanecem nesses locais até serem encaminhados às unidades fabris ou aos clientes finais. Quando há vendas a terceiros, os produtos são despachados diretamente dos terminais ao destino.
As empresas químicas adquirem o metanol de importadores para uso industrial ou para revenda a outras indústrias químicas. Indícios consistentes apontam que algumas delas desviaram parte do produto, retirando-o indevidamente da sua cadeia regular de produção, conforme o comportamento comercial observado.
Já as destilarias investigadas teriam adquirido metanol por meio de empresas conhecidas como “noteiras”. As notas fiscais indicavam caminhões e motoristas que, contudo, nunca chegaram aos destinos informados, sugerindo possível fraude documental.
As usinas, produtoras e distribuidoras de etanol anidro e hidratado, também estão sendo verificadas por atuarem em pontos estratégicos da cadeia, fundamentais para rastrear eventuais lotes adulterados ou irregularidades na destinação do produto.
Mortes por metanol
Em São Paulo, o número de mortos por ingestão de metanol subiu para seis. O caso mais recente é o de um homem de 37 anos que morreu, na terça-feira (14/10), em Jundiaí, interior do estado. após ficar internado com sintomas de intoxicação por metanol no Hospital de Caridade São Vicente de Paulo (HSV).
A morte foi confirmada pelo HSV. O paciente havia sido internado no dia 3 de outubro. “A família já foi comunicada, e a Vigilância Epidemiológica da Prefeitura de Jundiaí foi notificada, conforme os protocolos de saúde pública”, informou o hospital.
De acordo com a mais recente atualização da Secretaria Estadual de Saúde (SES), divulgada na segunda-feira (13/10), São Paulo tem 28 casos confirmados de intoxicação, além de 100 em investigação. Até o momento, 246 casos foram descartados e 15 estabelecimentos acabaram interditados cautelarmente.
No Brasil, segundo balanço do Ministério da Saúde, o número total chega a oito mortes. Seis vítimas são as registradas no estado de São Paulo e duas em Pernambuco. Outros 10 óbitos seguem em investigação, sendo 4 em São Paulo, 3 em Pernambuco, 1 no Mato Grosso do Sul, 1 na Paraíba e 1 no Paraná.