Caminhos de um juiz

Daniel Serpa de Carvalho, juiz de Direito – Foto: Divulgação

Era uma tarde marcada pela expectativa: os editais de promoção estavam para ser lançados e o meu coração pulsava com a ansiedade de uma nova fase. Ao longo de mais de dez anos, passei por diversos lugares, como um caixeiro-viajante, vivenciando culturas e histórias únicas. Cada cidade, um capítulo, cada processo, uma nova aventura.

Entretanto, enquanto a emoção da jornada ainda vibrava em mim, a urgência de encontrar um lar começou a se intensificar. Seria em um grande centro urbano, no sossego do interior ou nas belezas das praias do sul da Bahia? As possibilidades eram muitas, mas a pergunta que ecoava em minha mente era clara: onde poderia encontrar a verdadeira felicidade?

A ansiedade me mergulhava em um turbilhão de lembranças. Presenciei transformações de vidas em cada audiência — momentos de dor, luta e, muitas vezes, superação. De casos que não ganharam manchetes a aqueles que marcaram a sociedade, cada um carregava a essência do ser humano: fraquezas e forças, risos e lágrimas. Os heróis anônimos se destacavam em meio ao caos, como a mãe de Zeni, que acolhia crianças desamparadas com amor, ou o dedicado Gelson, que nunca hesitou em ajudar quem mais precisava.

Certo dia, enquanto refletia sobre minha trajetória, um telefonema inesperado cortou minha introspecção. A voz do outro lado era desconhecida, mas trouxe consigo um turbilhão de memórias. O antigo escrivão do meu tempo de estagiário havia encontrado meu número. Em minutos, revivi todo um passado, como um filme resgatado do esquecimento. A ligação voltou a me conectar com as raízes que alimentaram minha jornada.

A gratidão tomou conta de mim. Olhando para trás, percebi que os desafios moldaram não apenas minha carreira, mas também o meu ser. Depois de tantas batalhas, ali estava eu, juiz, pronto para traçar novos rumos, ciente de que a verdadeira justiça se faz no coração da comunidade. A ansiedade dissipou-se, e, em vez de esperar pelos editais, decidi que a felicidade se encontrava na minha missão: ouvir, entender e contribuir para um mundo melhor.

No fundo, percebi que a verdadeira satisfação está em onde quer que eu possa exercer essa tarefa sagrada de distribuir justiça: seja em uma grande cidade ou em qualquer canto do interior. E você, já parou para refletir sobre onde encontra a sua felicidade? Compartilhe seus pensamentos!