Luanda, 27 de agosto de 1991. Hoje, meu coração se encheu de sabedoria ao conversar com um expert em vida selvagem, o general Kundy Payama. Ele revelou alguns segredos sobre animais que, embora majestosos, são também extremamente perigosos. A onça, por exemplo, é a mais temida de todas. Mais do que o leão ou o elefante, a onça é imbatível. Diante dela, a única opção é buscar refúgio em uma árvore alta e firme. Um golpe certeiro na cabeça pode ser o único recurso em uma situação extrema, mas é preciso coragem e precisão para tal intento.
O leão, em contrapartida, é um covarde. Se você se deparar com um, estacione-se. A imobilidade é sua aliada e, em poucos instantes, ele irá embora. Contudo, lembre-se: ele pode estar apenas se escondendo para um ataque surpresa. Portanto, volte pelo mesmo caminho, mas com cautela. Já a leoa é um rival real e perigoso. Mesmo que você permaneça parado, não subestime sua furia, especialmente se ela estiver com filhotes. A única saída é correr e se refugiar em uma árvore alta.
E se a leoa estiver acompanhada do leão? Nesse caso, atire na leoa se você tiver uma arma. Um erro nesse momento pode custar sua vida, já que, se você atirar no leão, a leoa não hesitará em atacar.
A situação com o rinoceronte não é diferente. Correr para uma árvore robusta é essencial, pois o rinoceronte, ao contrário de sua aparência, pode ser muito ágil e não hesitará em derrubar qualquer árvore fraca. Durante a fuga, busquem obstáculos; eles são um aliado contra o avanço do rinoceronte, que perderá tempo contornando-os.
O elefante, por sua vez, é muitas vezes subestimado. Se você se encontrar com um, trilhe o caminho da quietude. Movimentações bruscas podem ser suas piores inimigas. Em uma perseguição, correr em ziguezague é a estratégia mais eficaz, especialmente à esquerda, onde eles têm mais dificuldade de se mover.
Outro truque útil é observar a direção do vento. Ao soltar um pouco de terra, você perceberá para onde ele sopra. Ao se aproximar, faça-o sempre na direção oposta, garantindo que o elefante não o detecte.
Se houver uma lição a ser extraída, é esta: estejam preparados e informados. Espero que jamais tenham que enfrentar uma onça, um leão, um rinoceronte ou um elefante fora de um zoológico, mas se o fizerem, já terão as ferramentas necessárias em mente.
Para vocês, André, Gustavo e Sofia, que sempre foram a razão das minhas cartas, este conhecimento é um presente que espero que nunca precisem usar.