13 outubro, 2025
segunda-feira, 13 outubro, 2025

Cartinhas Pokémon: TikTok fez hobby dos anos 1990 virar febre global

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O universo Pokémon nunca deixou de despertar paixões, e o Pokémon TCG, a linha de cartas colecionáveis da franquia, é a prova disso. O Pokémon TCG, a linha de cartas colecionáveis da amada franquia de games do Japão, já existe desde a década de 1990, mas ganhou um novo fôlego e uma nova legião de fãs ao redor do mundo por meio das redes sociais.

Esse fenômeno deve-se, em grande parte, aos criadores de conteúdo no TikTok, onde o hobby encontrou um novo espaço de destaque. Desde a pandemia, a plataforma de vídeos curtos se tornou um ponto de encontro para os colecionadores. Atualmente, são mais de meio bilhão de publicações e milhares de horas de conteúdo diário dedicadas ao tema.

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11 imagensNo TikTok, influenciadores mostram os gastos com as cartas PokémonNo TikTok, influenciadores mostram os gastos com as cartas PokémonNo TikTok, influenciadores mostram os gastos com as cartas PokémonCartas com ilustrações, texturas ou efeitos especiais podem valer maisCartas com ilustrações, texturas ou efeitos especiais podem valer maisFechar modal.1 de 11

No TikTok, influenciadores mostram os gastos com as cartas Pokémon

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No TikTok, influenciadores mostram os gastos com as cartas Pokémon

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No TikTok, influenciadores mostram os gastos com as cartas Pokémon

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No TikTok, influenciadores mostram os gastos com as cartas Pokémon

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Cartas com ilustrações, texturas ou efeitos especiais podem valer mais

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Cartas com ilustrações, texturas ou efeitos especiais podem valer mais

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Cartas com ilustrações, texturas ou efeitos especiais podem valer mais

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Cartas com ilustrações, texturas ou efeitos especiais podem valer mais

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Cartas com ilustrações, texturas ou efeitos especiais podem valer mais

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Em eventos, colecionadores mostram suas coleções e trocam cartas

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Em eventos, colecionadores mostram suas coleções e trocam cartas

Reprodução/@casttcg

Na maioria dos vídeos, os influenciadores abrem pacotes que contêm entre cinco e dez exemplares, enquanto a audiência torce para ver uma das cartinhas valiosas aparecer na tela. Um único pacote misterioso pode custar cerca de R$ 5 a R$ 10 reais, enquanto apenas uma das cartas mais raras pode valer milhares de reais.

A imprevisibilidade e os valores surpreendentes são o que mais atraem os usuários das redes – semelhantes a outros fenômenos de colecionáveis como os Labubus. Os vídeos conseguiram “furar a bolha” do mundo Pokémon e conquistar um público que nunca se interessou antes pelos monstrinhos.

“Os vídeos me ajudaram além de manter o hobby a virar meu emprego principal”, conta Kelvin Penning, 24 anos, mais conhecido como MisterBoosterBR, um dos maiores influenciadores do gênero no Brasil, com mais de 530 mil seguidores apenas no TikTok.

“O gancho do vídeo é o que faz as pessoas prenderem a atenção. A surpresa do valor que vou gastar somente em ‘cartinhas’, faz que elas fiquem até o final pra ver se esse absurdo que eu fiz vai ser recompensado”, reflete MisterBoosterBR.

“Mas claro, também tem o pessoal fanático de Pokémon, que acompanha porque realmente gosta desse mundo. Porém, eu acredito que grande parte do meu público nunca teve contato com Pokémon e está tendo agora a partir dos vídeos”, completa.

Cartas valiosas

Ao longo dos anos, várias cartas colecionáveis ganharam um valor significativo, com preços definidos principalmente pela comunidade de fãs e colecionadores. Muitos influenciadores, inclusive, atualizam seus seguidores sobre os “ganhos e perdas” de suas coleções, o que contribui para o aquecimento do mercado.

Entre as mais valiosas, destaca-se a famosa edição de 1ª geração do Charizard, lançada em 1999. Recentemente, essa carta foi vendida por impressionantes R$ 2 milhões. Em contraste, uma carta da coleção mais recente, o Mewtwo Ex da Equipe Rocket, está avaliada em cerca de R$ 1.500, uma quantia considerável, mas bem abaixo do icônico Charizard.

O influenciador MisterBoosterBR, por exemplo, revela que já conseguiu se deparar com um Victini Vermelho, avaliado em mais de R$ 2,2 mil. A carta, porém, já foi vendida pelo colecionador. “A maioria das cartas eu vendo, coleciono poucas, apenas as que eu acho bonitas de verdade, que sinto algo por elas. A mais rara que eu guardei foi uma Palkia VSTAR japonesa, que deve valer cerca de R$ 650”, disse.

Segundo ele, são cerca de 400 cartas que não foram vendidas e que ficaram na sua coleção pessoal. “Mas existem os bulks, que são as cartas que valem apenas alguns centavos. Essas estão armazenadas aqui comigo, então passa de mais de duas mil cartas com certeza. Mas não conto como parte da minha coleção”, confessa.

4 imagensPalkia VSTAR V, avaliada em R$ 650Charizard Shadowless 1ª edição 1999. A carta é tão rara e valiosa pois veio de um lote com defeito na ilustração, que logo foi corrigindo, fazendo que haja pouquíssimas cartas em bom estado como essa no mundoMewtwo da Equipe Rocket EX, avaliada em R$ 1,5 milFechar modal.1 de 4

Victini Vermelho, avaliada em mais de R$ 2 mil

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Palkia VSTAR V, avaliada em R$ 650

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Charizard Shadowless 1ª edição 1999. A carta é tão rara e valiosa pois veio de um lote com defeito na ilustração, que logo foi corrigindo, fazendo que haja pouquíssimas cartas em bom estado como essa no mundo

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Mewtwo da Equipe Rocket EX, avaliada em R$ 1,5 mil

Reprodução/Pokémon Company

Na coleção do influenciador Renan Diniz, 21 anos, mais conhecido como VoltareL, não é o valor ou a raridade da carta que conta. “Não sou de ficar ligando muito pra raridade. Se gostei da arte e gosto do Pokémon já vai pro fichário”, afirma.

“Geralmente eu coleciono cartas dos Pokémon que eu gosto, como o Zacian e Ditto, mas também faço coleções específicas de artistas, como Akira Egawa”, detalhou. “Eu ainda não parei pra contar, mas a coleção tá gigantesca. Facilmente devo ter mais de 400 cartas atualmente”, acrescentou o influenciador, com mais de 237 mil seguidores apenas no TikTok.

O engajamento e a monetização dos vídeos, inclusive, foram um grande divisor de águas para os colecionadores, que agora conseguem se manter apenas com a venda de cartas e produção de conteúdos para as redes sociais.

“Quando comecei, eu já sabia do potencial de monetização do conteúdo, pois era algo que estava dando certo nos EUA e ainda não tinha aqui no Brasil”, conta Kelvin. “Com o tempo fui melhorando e o perfil explodiu, e continuei reinvestindo o dinheiro que recebia para criar vídeos com mais valor”, explica.

“Eu produzia conteúdo de games, mas parei em 2023 por falta de tempo e estou voltando agora”, acrescenta Renan VoltareL. “E foi até assustador ver o crescimento tão rápido do canal com conteúdo de Pokémon TCG. Em um dia, eu estava com mil seguidores… no outro estava com oito, e até hoje não caiu a ficha dos 200 mil”, conta.

“Principalmente o TikTok me ajudou a pagar os produtos de Pokémon que eu trago aqui no canal. E ainda sobra uma grana pra investir em equipamentos para o canal”, celebra.

Já o engenheiro Cast TCG, 29 anos, que acumula quase 10 mil seguidores nas redes, afirma que ainda não dá para viver das cartinhas. Mas já observou uma grande mudança após os rendimentos começaram a entrar em conta.

“Quando você tá colecionando um Pokémon no nível um pouquinho mais avançado, o gasto é muito alto, o gasto é muito alto mesmo. Embora a monetização ajude, ela não supre nem 20% do quanto eu gasto com um Pokémon por mês. E olha que eu sou uma pessoa extremamente conservadora e financeiramente saudável, sabe?”, brinca Cast.

Para os influenciadores, inclusive, não deve ser nem o valor das cartas, nem os rendimentos nas redes sociais o incentivo para quem quer começar a colecionar – mas sim o amor pelos monstrinhos. Eles alertam ainda que jogar luz apenas nas cifras por trás das cartinhas pode atrair vários mal avisados que poderão acabar se frustrando com o hobby.

“Eu faço os vídeos realmente porque eu sou feliz colecionando. Muitos criadores se aproveitam do sensacionalismo e usam disso como uma forma de ganhar dinheiro, mas eu me posiciono contra isso. Acho que isso é um desserviço e acaba desinformando as pessoas de fora da comunidade”, afirma Cast TCG.

“Eu nunca garanti retorno nos meus vídeos, é somente para entretenimento, são cartas, é um hobby e existem diversas formas de você colecionar até mesmo sem gastar nenhum centavo participando de campeonatos e jogando o TCG, a responsabilidade financeira vai de cada um”, reforça MisterBoosterBR.

“Embora eu crie conteúdo de Pokémon TCG com vídeos de lucro ou prejuízo, não quero que as pessoas tenha a visão do Pokémon TCG como um investimento ou uma forma de ganhar dinheiro fácil. Porque no fim do dia, é apenas um hobby”, concluiu VoltareL.

Muito além da nostalgia

Muitos dos colecionadores “profissionais” de hoje são as crianças de 10 ou 20 anos atrás que perderam suas amadas coleções da infância. Agora, com “dinheiro de adulto”, têm recursos para construir o acervo de monstrinho que sempre sonharam.

Um estudo do Business Insider, por exemplo, mostrou que após o crescimento do poder econômico em países como Brasil, Japão e Coreia do Sul, 43% dos adultos fizeram alguma compra voltada a itens lúdicos colecionáveis – um mercado que movimentou mais de R$ 70 bilhões apenas em 2023. Um investimento focado na nostalgia e na própria saúde mental, conforme responderam 47% dos entrevistados da pesquisa.

MisterBoosterBR e Cast TCG, por exemplo, são dois desses adultos. Em 2023, ambos voltaram ao mundo das coleções após o lançamento de uma edição temática voltada para os primeiros fãs da série. E hoje, estão ajudando a criar ainda mais faz. .

“Eu tô extremamente feliz pela resposta da comunidade”, comemora Cast. “Não são somente os fãs da franquia, mas muitas pessoas estão conhecendo o mundo Pokémon a partir dos vídeos de colecionismo e também começando a própria coleção. Então eu tô muito focado em trazer ensinamentos para que elas não passem o mesmo sofrimento que eu sofri no início”, afirma.

“Grande parte do público conheciam apenas o Pikachu, achavam que o hobby era algo para crianças. Acredito que a partir dos meus vídeos, muitas pessoas refloresceram a paixão de infância com Pokémon, assim como eu quando comecei a assistir os influenciadores gringos”, comemora Kelvin. “Muitas entraram pro hobby pela primeira vez pelo MisterBooster e tenho certeza de que muitas outras ainda vão entrar”, conclui.

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