
Cerca de cinco meses antes de Ruy Ferraz Fontes, o ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, ser assassinado em Praia Grande, uma sombra pairava sobre a segurança em Santos. Essa sombra era a delegada Raquel Gallinati, que, após receber ameaças de morte, pediu exoneração da Secretaria da Segurança Pública. Enquanto sua carreira rolava em meio a riscos constantes, ela enfrentava não só a criminalidade, mas também um ambiente hostil dentro das próprias instituições.
No papel de secretária da Segurança Pública, Gallinati dedicou-se intensamente, mas sua missão logo se tornaria insustentável. Em setembro do ano passado, ao assumir a posição, ela foi alvo de intimidações brutais, recebendo uma avalanche de mensagens ameaçadoras de um stalker. As ameaças não pararam, e, pior, começaram a incluir referências a seu trabalho: “As ameaças eram direcionadas especificamente à minha atuação como secretária”, relatou.
A situação se agravou quando um vereador de Santos expôs dados pessoais dela nas redes sociais, revelando trajetos e até seu endereço. “É como se me colocasse nua em rede social”, desabafou. Essa violação levou Gallinati a pedir exoneração, temendo pela sua segurança e pela de seus entes queridos. A divulgação de informações sigilosas colocou em risco não apenas a sua vida, mas também a de diversas pessoas ao seu redor, tornando a sua rotina insustentável.
Enquanto isso, na linha de frente da luta contra o crime, Ruy Ferraz enfrentava sua própria batalha. Com mais de quatro décadas dedicadas à Polícia Civil, ele havia se tornado uma figura polarizadora, almejando justiça em um ambiente infestado por corrupção. Sua execução a tiros, uma tragédia anunciada diante das ameaças que recebeu, ressaltou um fato alarmante: a luta contra a criminalidade vem com um alto custo pessoal, frequentemente culminando em morte.
“Não se pode aceitar que uma parcela dos policiais tenha como efeito colateral da sua carreira a morte”, enfatizou Gallinati, refletindo a gravidade da situação. Os ataques a autoridades policiais não são apenas desafios individuais, mas ações estratégicas do crime organizado para desacreditar o sistema de justiça. A cada dia, a sensação de insegurança permeia os corredores da segurança pública, tornando cada agente um alvo.
Apesar de todos os riscos, tanto Gallinati quanto outros que combatem o crime, como o promotor Lincoln Gakiya, permanecem firmes. Gallinati, agora à frente da Adepol, afirma que não vive com medo, mas com uma vigilância constante: “Não ando com medo, mas sempre alerta”. Essa realidade crua e implacável nos convida a refletir: como garantir a segurança daqueles que se dedicam a proteger a sociedade?
A luta por segurança e justiça não é apenas uma batalha individual, mas um chamado à ação para todos nós. O que você pensa sobre a segurança de nossos agentes de justiça? Compartilhe sua opinião nos comentários e participe dessa discussão essencial!