Os caciques do Centrão, em uma demonstração de fé política, acreditam que a bancada bolsonarista já conta com os votos necessários para aprovar uma anistia aos condenados pelo 8 de Janeiro. Em conversas reservadas, líderes do PP e do Republicanos confirmaram que acreditam ter “mais de 300 votos”, superando os 257 mínimos exigidos.
Essa previsão, otimista até mesmo quando comparada ao cálculo do líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), que aponta para aproximadamente 278 votos, revela uma confiança crescente no poder de articulação dos bolsonaristas. No entanto, a questão gira em torno de um projeto de autoria do deputado Marcelo Crivella (Republicanos-RJ), que está sendo relatarado por Paulinho da Força (Solidariedade-SP).
O relator, por sua vez, tem defendido que o projeto seja chamado de “PL da Dosimetria”, visando apenas a redução das penas impostas pelo STF aos condenados nas ações referentes à tentativa de golpe. Em uma jogada ousada, os bolsonaristas avisaram que, durante a votação, tentarão emplacar um substitutivo que preveja uma anistia ampla, geral e irrestrita.
Para que essa proposta siga adiante, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), precisa posicionar o projeto para votação no plenário — um passo que ainda não foi dado. Motta está segurando o processo, aguardando que Paulinho da Força consiga formular um texto de consenso que harmonize a maioria dos deputados e evite um desgaste com o STF.
Entretanto, aliados de Motta expressam preocupações sobre a aceitação da proposta no Senado. Há uma resistência clara ao tema, que poderia dificultar ainda mais a aprovação. “Se o PL tem interesse nessa pauta, não adianta votarmos algo que ninguém quer implementar”, declarou, em off, um influente cacique do Centrão, refletindo a complexidade da situação.
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