O Ministério do Comércio chinês ainda afirma que a posição do país permanece inalterada, uma vez que as ‘portas continuam abertas para negociações’
Montagem/CHARLY TRIBALLEAU e Ludovic MARIN / AFP
As declarações de Trump colocaram em dúvida uma possível reunião com seu homólogo Xi Jinping
A China afirmou nesta terça-feira (14) que vai lutar “até o fim” na guerra comercial com os Estados Unidos, depois que o presidente Donald Trump anunciou uma tarifa adicional de 100% contra os produtos da segunda maior economia do mundo. As declarações de Trump colocaram em dúvida uma possível reunião com seu homólogo Xi Jinping e abalaram os mercados com um novo agravamento da tensão entre as duas principais economias do planeta.
A partir desta terça-feira, Pequim impõe tarifas especiais aos navios americanos que entram em seus portos em resposta a medidas similares de Washington que devem entrar em vigor no mesmo dia. “Em relação às guerras tarifárias e comerciais, a posição da China continua a mesma”, disse um porta-voz do Ministério do Comércio. “Se quiserem lutar, lutaremos até o fim. Se quiserem negociar, nossas portas continuam abertas”, acrescentou.
Em outro comunicado, o ministério anunciou que impôs sanções contra cinco subsidiárias americanas do construtor naval sul-coreano Hanwha Ocean. O ministério acusa esta empresa de ajudar o governo dos Estados Unidos em uma investigação que resultou na aplicação, em abril, de tarifas para todos os navios construídos e operados pela China. A investigação e as medidas consequentes “deterioraram gravemente os direitos e interesses legítimos das empresas chinesas”, afirmou a pasta.
“Potência responsável” Trump apresentou as novas tarifas na sexta-feira como uma resposta à intenção de Pequim de impor novas restrições às exportações no setor de terras raras, atualmente dominado pela China. Os metais são essenciais para a fabricação de baterias, computadores e novas tecnologias de energia. O presidente republicano também anunciou que os Estados Unidos vão impor controles de exportação a “todo software crítico” a partir de 1º de novembro.
O porta-voz do Ministério do Comércio argumentou que os controles sobre as terras raras “constituem ações legítimas do governo chinês para melhorar seu sistema de controle de exportações em conformidade com as leis e regulamentos”. “Como grande potência responsável, a China tem protegido de forma constante e decidida sua própria segurança nacional e a segurança coletiva internacional”, acrescentou o porta-voz.
A fonte ressaltou que “os Estados Unidos não podem simultaneamente buscar o diálogo e ameaçar impor novas medidas restritivas”. “Esta não é a forma adequada de se relacionar com a China”, advertiu. No domingo, Trump pareceu recuar em sua retórica combativa em uma publicação na rede Truth Social, na qual afirmou que “tudo ficará bem” e que seu país quer “ajudar” a China.
Apesar do panorama comercial sombrio com os Estados Unidos, os números oficiais revelaram na segunda-feira que o comércio exterior da China permaneceu resiliente. As exportações chinesas subiram 8,3% em setembro, na comparação com o mesmo mês do ano passado, o ritmo mais expressivo desde março. As exportações para os Estados Unidos subiram 8,6%, a 34,3 bilhões de dólares (190 bilhões de reais), segundo.
Os produtos chineses enfrentam atualmente uma tarifa de pelo menos 30%, determinada pelo governo Trump, que acusa Pequim de práticas comerciais desleais e de facilitar o tráfico de fentanil. Em represália, a China impôs tarifas alfandegárias de 10% aos produtos americanos. O impacto global das tarifas de Trump está sendo analisado esta semana na reunião semestral do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, em Washington. A Casa Branca insiste que o efeito das tarifas será positivo para os Estados Unidos a longo prazo, mencionando o pequeno impacto registrado até o momento.
*Com informações da AFP