Um enigma cercado por exuberância e mistério se revela nas entranhas da floresta amazônica. Novas evidências sobre uma antiga civilização que floresceu no leste do Equador há 1500 anos desafiam a narrativa do colapso dramático promovido por uma erupção vulcânica. Em um estudo recente na revista Nature Communications, os pesquisadores trazem à tona uma narrativa mais sutil, onde a decadência da “Cidade Perdida da Amazônia” decorreu de um processo gradual ao longo dos séculos.
Conhecidos como povo Upano, os habitantes dessa metrópole deixaram um legado surpreendente no Vale de Upano, uma região que faz a transição entre as montanhas dos Andes e a vasta floresta amazônica. Aqui, mais de 7 mil estruturas construídas, interligadas por um complexo sistema de estradas, guardam as histórias de gerações que viveram em harmonia com o ambiente ao longo de 1200 anos.

Durante muito tempo, acreditou-se que essa civilização teria sucumbido de maneira repentina, similar ao destino de Pompeia, entre 300 e 600 d.C. A teoria era sustentada pela presença de uma camada de cinzas sobre as construções, levando os arqueólogos a conjecturar sobre uma catástrofe causada pelo vulcão Sangay.
Contudo, ao investigar sedimentos próximos ao Lago Cormorán, onde os Upanos cultivavam suas terras, a equipe de pesquisadores não encontrou indícios de cinzas, desmontando a ideia de destruição súbita. Em vez disso, a análise de grãos de pólen revelou que a atividade agrícola começou a declinar de maneira gradual, apontando para um abandono que se estendeu ao longo das gerações.
O auge da civilização Upano, entre 500 a.C. e 200 d.C., coincide com um período de intensa agricultura e exploração dos recursos naturais. Cultivos de milho floresceram e o manejo da vegetação local foi destacado, sugerindo uma interação profunda entre os habitantes e o meio ambiente. Análises mostram que a população modificou a flora ao redor, expandindo a presença humana em um raio de 10 quilômetros do principal sítio arqueológico.
Gradualmente, porém, a cidade assistiu ao seu próprio desvanecimento. Entre 200 e 550 d.C., os polens indicaram uma recuperação da vegetação, sinalizando uma diminuição na presença humana. Assim, a metrópole que antes pulsava com vida se entregou ao reinado da floresta, processo que durou impressionantes 350 anos.
Atualmente, os arqueólogos ainda se deparam com um mistério: o que teria levado uma civilização tão bem estruturada a se abandonar? Sem evidências concretas para desvendar as causas do declínio, a história da “Cidade Perdida da Amazônia” permanece um enigma aguardando novas descobertas e reflexões.
E você, o que pensa sobre este fascinante capítulo da história amazônica? Compartilhe suas reflexões nos comentários!