
Um marco na luta contra doenças virais pode ser a nova esperança para milhões. Pesquisadores australianos descobriram o primeiro tratamento preventivo para o HTLV-1, um retrovírus que, assim como o HIV, afeta o sistema imunológico e já atingiu cerca de 10 milhões de pessoas globalmente. Esta pesquisa, publicada na revista Cell, representa uma década de esforço e inovação, utilizando modelos de camundongos com células imunológicas humanizadas.
Os resultados são promissores: dois medicamentos conhecidos por sua eficácia contra o HIV, o tenofovir e o dolutegravir, mostraram capacidade de bloquear a transmissão do HTLV-1 em animais, levando a um estado indetectável do vírus. Além disso, a combinação dos antivirais com um inibidor celular permitiu a eliminação de células infectadas, o que abre a porta para uma potencial cura, algo que ainda não foi alcançado no tratamento do HIV.
O HTLV-1, ainda negligenciado, pode causar leucemia e inflamações neurológicas, mas seus sintomas frequentemente aparecem apenas anos após a infecção. Apenas 5% a 10% dos infectados desenvolvem doenças graves, embora essa porcentagem represente uma preocupação significativa, especialmente em países como o Brasil, onde se estima que até 2,5 milhões de pessoas estejam infectadas.
“É a primeira vez que um grupo de pesquisa conseguiu suprimir esse vírus em um organismo vivo”, comemorou o infectologista Marcel Doerflinger, um dos líderes do estudo. Os pesquisadores utilizam variantes do HTLV-1 para realizar testes, e a eficácia do tratamento sugere que estamos mais próximos de ensaios clínicos em humanos, dado que os medicamentos já são amplamente utilizados no tratamento do HIV.
Além disso, a pesquisa identificou como um composto que inibe a proteína MCL-1 pode ser utilizado para eliminar células infectadas, reduzindo a progressão da doença. Com isso, a possibilidade de desenvolver uma terapia eficaz e segura está se tornando mais concreta.
Em 2021, a Organização Mundial da Saúde classificou o HTLV-1 como um patógeno ameaçador, especialmente para populações vulneráveis como crianças e idosos. Damian Purcell, professor da Universidade de Melbourne e coautor do estudo, enfatiza a importância de desenvolver tratamentos acessíveis para essas populações, destacando a necessidade de uma abordagem mais agressiva para erradicar essa infecção.
Esse avanço representa não apenas um passo significativo na pesquisa médica, mas também uma luz no fim do túnel para milhões que vivem com essa infecção silenciosa. O que você acha desses avanços na pesquisa sobre o HTLV? Comente abaixo e compartilhe suas opiniões!