Setembro se revelou um mês desafiador para o setor de bares e restaurantes no Brasil. A preocupação com a contaminação de bebidas alcoólicas por metanol gerou um impacto significativo nas vendas, que caíram 4,9% em relação a agosto, conforme dados da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) e Stone.
Esta retração não apenas interrompeu uma sequência de três meses de estabilidade, mas também revelou um declínio de 3,9% em comparação ao mesmo mês do ano anterior. Apenas dois estados se destacaram com crescimentos nas vendas: Maranhão (+2,6%) e Mato Grosso do Sul (+1%).
No entanto, a situação foi crítica em 22 estados, onde os maiores recuos ocorreram em Roraima (-11,5%), Pará (-9,9%) e Rio de Janeiro e Santa Catarina (-7,6%). A análise do Índice Abrasel-Stone mostra a fragilidade do setor diante de um ambiente econômico desafiador.
Guilherme Freitas, economista da Stone, explica que além da crise do metanol, a inflação continuada no setor alimentício tem impacto direto no bolso dos consumidores. Com uma inflação de 8,24% no setor de alimentação, acima do IPCA de 5,17%, o gasto com refeições fora de casa está cada vez mais restrito.
Apesar do mercado de trabalho relativamente estável, com baixa taxa de desemprego, a dificuldade financeira das famílias se torna um obstáculo. O endividamento elevado limita a renda disponível, impactando drasticamente as despesas com itens não essenciais como as refeições fora de casa. A contaminação por metanol é um “fator pontual de incerteza” que ampliou esta cautela entre os consumidores, especialmente nos primeiros dias de outubro, quando o tema teve mais destaque.
Paulo Solmucci, presidente da Abrasel, ressalta que a crise do metanol gerou um clima de pânico entre os clientes, o que agravou ainda mais a queda nas vendas. Além disso, a própria dinâmica do calendário contribui: setembro, faltando datas comemorativas significativas, já tende a ser um mês de vendas mais lentas.
A situação de intoxicação por metanol se tornou alarmante. Até 17 de outubro, o Ministério da Saúde contabilizava 46 pessoas intoxicadas, com 8 óbitos confirmados. Mesmo sendo um composto com aplicações industriais, o metanol é extremamente tóxico e a ingestão acidental pode provocar danos irreversíveis ao organismo. O desafio agora é restaurar a confiança do consumidor e impulsionar uma recuperação saudável do setor.
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