Liderada pelo PT, a esquerda paulista avalia o apoio a uma chapa “centrista” com nomes como o das ministras Simone Tebet (MDB), do Planejamento, e Marina Silva (Rede), do Meio Ambiente, para concorrer às duas vagas ao Senado por São Paulo nas eleições de 2026 — cada estado tem três cadeiras na Casa e o mandato de senador é de oito anos.
O Senado virou uma das prioridades para a base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no próximo ano, diante da articulação bolsonarista para tentar formar uma grande bancada na Casa com o objetivo de aprovar o impeachment dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
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Jantar de empresários com a ministra do Planejamento, Simone Tebet
Lela Beltrão/Prerrogativas2 de 11
Os ministros Fernando Haddad e Simone Tebet
KEBEC NOGUEIRA/METRÓPOLES @kebecfotografo3 de 11
Vinícius Schmidt/Metrópoles4 de 11
Marina Silva e Lula
Hugo Barreto/Metrópoles5 de 11
Marina é ministra do Meio Ambiente
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Marina Silva em sessão de comissão no Senado
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Cláudio Kbene8 de 11
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Vice-presidente Geraldo Alckmin e ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, na COP 29, no Azerbaijão
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BRENO ESAKI/METRÓPOLES @BrenoEsakiFoto11 de 11
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad
VINÍCIUS SCHMIDT/METRÓPOLES @vinicius.foto
Até o momento, o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite (PP), é o nome tido como o mais certo de disputar uma das cadeiras no campo da direita. O outro candidato, que inicialmente seria o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), ainda está em aberto, mas a tendência é que seja alguém indicado pelo próprio ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A ideia de lideranças da esquerda em São Paulo é tentar contornar o antipetismo no estado com nomes mais moderados, visando conseguir ao menos uma das duas vagas em disputa no ano que vem e ter um palanque forte no maior colégio eleitoral do país para a campanha do presidente Lula pela reeleição.
A última vez que a esquerda conquistou uma cadeira no Senado em São Paulo foi em 2010, com Marta Suplicy (PT). Atualmente, os três representantes paulistas na Casa são: Astronauta Marcos Pontes (PL), Alexandre Giordano (MDB) e Mara Gabrilli (PSD). Apenas o senador bolsonarista tem mais quatro anos de mandato. Giordano e Gabrilli precisarão tentar a reeleição.
“O PT já desapegou dessa coisa de chapa puro sangue e não abrir mão de candidaturas. Em 2024, boa parte do partido não se opôs em apoiar o Guilherme Boulos [do PSol] para a Prefeitura de São Paulo”, afirmou um deputado petista.
Conforme o Metrópoles mostrou, o sonho de petistas é que nomes competitivos como o do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), ou o do vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), concorram ao governo paulista. Ambos ajudariam na mesma estratégia de palanque para a candidatura de Lula, sendo considerados mais palatáveis ao eleitorado de centro. A dupla também é cotada como opção para o Senado.
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Simone Tebet
O nome da ministra do Planejamento é citada por diversos petistas ouvidos pelo Metrópoles. No entanto, a operação para lançá-la ao Senado por São Paulo exigiria contornar alguns obstáculos, a começar pelo endereço eleitoral de Tebet, que é o Matro Grosso do Sul.
No entorno de Lula, há a crença de que Tebet, titular o Ministério de Planejamento e Orçamento, poderia ser convencida a trocar uma disputa no Senado por seu estado natal por uma candidatura em São Paulo. Publicamente, a ministra tem rechaçado a ideia.
“Eu não falo nada sobre o processo eleitoral antes da hora. Não estamos nem a um ano da eleição”, disse. “Mas o que eu posso dizer é só o seguinte: meu estado chama-se Mato Grosso do Sul”, disse Tebet, no mês passado.
São Paulo, contudo, é considerado mais estratégico para Lula por ser o maior colégio eleitoral — em 2022, ele perdeu para Bolsonaro no estado (55% a 45%), marcado pelo antipetismo no interior. A boa votação de Haddad no estado, apesar da derrota para o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), foi considerada pelo PT como fundamental para a vitória de Lula sobre Bolsonaro no geral.
Naquela eleição, o ex-governador paulista e ministro do Empreendedorismo, Márcio França (PSB), foi derrotado por ampla vantagem pelo Astronauta Marcos Pontes (PL) na corrida ao Senado, com o apoio de Bolsonaro. Já Tebet, que concorreu à Presidência e apoiou Lula no segundo turno, teve votação considerada expressiva em São Paulo (8,1% dos votos).
Qualquer candidatura em São Paulo, porém, envolveria uma troca de partido por parte dela. Isso porque o MDB de São Paulo é controlado por nomes da ala antipetista da sigla, como o deputado Baleia Rossi, presidente nacional da legenda, o ex-presidente Michel Temer, e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes. No caso dela, o PSB é citado como um possível destino.
Pessoas próximas a Tebet afirmam que, embora quadros mais liberais que atuaram na campanha da ex-senadora e atual ministra tenham se distanciado dela ao longo do governo Lula, Tebet ainda teria um legado de ações na pasta para apresentar ao eleitorado que não é de esquerda, como um novo Plano Plurianual (PPA) com metas, revisão de despesas e avaliação de políticas públicas.
Marina Silva
Já a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, vive um impasse em relação ao seu futuro partidário. Isso porque seu grupo se tornou minoritário dentro da Rede Sustentabilidade, partido fundado por ela e hoje comandado pela ex-senadora Heloísa Helena. Com o racha, a ministra tem conversado com outros partidos para disputar o Senado por São Paulo no ano que vem.
O Metrópoles apurou que Marina já recebeu convites do PSol e do PSB e vem avaliando as propostas.
O entorno da ministra prefere o PSB por considerá-lo uma legenda mais organizada, com maior estrutura e menos rejeição do eleitorado paulista em relação ao PSol. Um dos entraves, no entanto, seria o menor espaço para Marina pleitear na chapa, uma vez que a legenda já tem Alckmin e França para incluir nesse arranjo.
A pessoas próximas, a ministra já afirmou que aceitaria ser suplente de Haddad em uma eventual candidatura ao Senado, podendo assumir a cadeira caso o ministro seja reconduzido à Esplanada em um cenário com Lula reeleito.
Marina também teve conversas com a cúpula do PT para uma eventual ida ao partido, mas não chegou a receber um convite oficial. Aliados, no entanto, consideram remota essa possibilidade, dada as fissuras entre ela e o partido desde a campanha presidencial de 2014, quando Marina foi duramente atacada pela campanha petista da ex-presidente Dilma Rousseff.