O nome Antônio Carlos Camilo Antunes, mais conhecido como “Careca do INSS”, ganhou notoriedade recente como um dos principais operadores de um esquema que desviou milhões de reais destinados a aposentados e pensionistas. Na próxima quinta-feira (25 de setembro), essa figura central do escândalo será ouvida pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
O escândalo em questão veio à tona graças a uma série de reportagens do Metrópoles, que expuseram as práticas ilícitas que foram reveladas ao público a partir de dezembro de 2023. Antunes, que ficou conhecido pelo seu apelido, foi uma das figuras centrais descobertas durante essa investigação.
A alcunha “Careca do INSS” refletia sua proximidade com dirigentes do órgão, a ponto de muitos acreditarem que ele poderia ser um servidor. Essa fama não agradou a Antunes, que, após a divulgação das denúncias, recorreu a advogados criminalistas em busca de processar veículos de comunicação que o chamavam de “Careca”.
Entretanto, sua estratégia não obteve o resultado esperado. A decisão que ele considerava um trunfo não pertencia à jurisprudência brasileira, mas sim a um Tribunal do Trabalho Inglês, e especialistas rapidamente apontaram a inviabilidade de tal defesa em solo nacional. Antunes ainda chegou a perder uma ação contra um jornalista, consolidando ainda mais o uso de seu apelido.
Não apenas o público e a imprensa o identificaram assim; a Polícia Federal (PF) também adotou o nome em suas investigações relacionadas ao pagamento de propinas a ex-diretores do INSS. Desde o dia 12 de setembro, Antunes se encontra preso, após ter suas atividades investigadas e seus sigilos quebrados com aprovação da CPMI.
Além de seu envolvimento nas fraudes do INSS, Antunes ostentava uma frota de carros de luxo e possuía diversas empresas. Seu histórico inclui um cargo como ex-superintendente de marketing em uma grande empresa de planos de saúde, durante o qual acumulou uma rede de contatos poderosa dentro do setor. Com contratos de consultoria e associações com entidades que cobram mensalidades de aposentados, o “Careca do INSS” se tornou uma figura ativa e controversa no âmbito da Previdência.
As matérias do Metrópoles não só revelaram a extensão das fraudes como também impulsionaram a abertura de inquérito pela Polícia Federal e alimentaram investigações da Controladoria-Geral da União (CGU). As reportagens listaram 38 publicações que foram cruciais para a deflagração da Operação Sem Desconto, levando à demissão de altos dirigentes do INSS e do ministro da Previdência na época.
Em uma fase mais recente da Operação Cambota, Antunes foi preso novamente, sublinhando o papel central que ocupou neste enredo de fraudes que impactam milhares de vidas. A saga do “Careca do INSS” é um lembrete gritante das complexas relações entre poder, dinheiro e corrupção, uma trama que continua a se desenrolar nas páginas da política brasileira.