Em um fascinante mergulho na história do nosso planeta, cientistas desenterraram segredos armazenados no asteroide Ryugu. A análise de minerais que datam de uma época anterior à formação da Terra promete iluminar as origens da água e da matéria orgânica que sustentam a vida como a conhecemos.
As amostras, coletadas pela sonda não tripulada Hayabusa2 entre 2014 e 2019, revelaram fragmentos intrigantes. Esta missão, realizada pela Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (JAXA), visava explorar a origem de Ryugu e entender a evolução de asteroides ricos em carbono e compostos orgânicos, essenciais para decifrar a história planetária do nosso Sistema Solar.
Identificado em 1999, Ryugu é resultado da desintegração de um corpo protoplanetário que se formou nas regiões mais frias do sistema solar. Composto por gelo e matéria orgânica, este asteroide enfrentou temperaturas extremas que transformaram sua composição mineral, criando não apenas novos minerais, mas também moléculas orgânicas complexas, como aminoácidos – os blocos fundamentais da vida – há cerca de 4,7 bilhões de anos.
Com o passar do tempo, a Terra passou por transformações que ofuscaram muitas pistas sobre como o sistema solar se desenvolveu. No entanto, asteroides como Ryugu preservam fragmentos essenciais dessa narrativa. Cada grão coletado oferece uma janela única para o passado, permitindo que os cientistas reconstruam a história da formação planetária.
As amostras do asteroide foram analisadas na Fonte Nacional de Luz Síncrotron II (NSLS-II), onde técnicas de imagem de raios X revelaram uma variedade impressionante de elementos. Os resultados indicam alterações significativas devido à presença de fluidos em múltiplos estágios. Elementos como selênio, manganês, ferro, enxofre e fósforo foram identificados, apresentando-se em formas raras, como o fósforo encontrado na hidroxiapatita, comum em dentes e ossos.
A próxima etapa dessa exploração cósmica inclui a comparação dos achados de Ryugu com amostras do asteroide Bennu, trazidas à Terra em 2023 pela missão OSIRIS-REx da NASA. Esses dados poderão expandir ainda mais nossa compreensão sobre a origem dos planetas e as condições que geraram a vida terrosa.
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