6 setembro, 2025
sábado, 6 setembro, 2025

Cortes de Trump na ciência Abrem caminho para China na pesquisa espacial

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No coração do Deserto do Atacama, no Chile, ergue-se o Observatório Vera C. Rubin, um imponente complexo de oito andares, dedicado às mais ousadas pesquisas astronômicas. Embora financiado pelo governo dos EUA, o projeto se orgulha de contar com a colaboração de brilhantes astrônomos chilenos, criando uma ponte entre nações em busca de respostas sobre o cosmos.

O telescópio do Rubin se destaca por sua câmera de bilhões de pixels, capaz de mapear todo o céu noturno a cada quatro dias. Essa capacidade singular promete coletar dados astronômicos em um único ano que superam todos os dados já reunidos por observatórios semelhantes ao longo da história. Após concluir a fase de testes, o observatório se prepara para iniciar operações formais em outubro, trazendo novas perspectivas ao entendimento do universo.

O observatório fica em um pico no deserto do Atacama

(Imagem: RubinObs/NOIRLab/SLAC/NSF/DOE/AURA)

Contudo, o Observatório Rubin enfrenta um desafio significativo: a necessidade de um telescópio que permita um estudo mais profundo dos objetos que ele detecta. Aqui entra o Telescópio Gigante Magalhães (GMT), que se encontra em uma fase inicial de construção, a cerca de 130 km do Rubin. Contudo, suas fundações ainda são apenas buracos no chão, esperando pela infraestrutura necessária para alcançar seu potencial máximo.

A intersecção entre esses dois empreendimentos pode ser ameaçada pelos cortes no financiamento federal, um golpe que reverbera desde os tempos de Donald Trump. A National Science Foundation (NSF) desembolsou quase US$ 600 milhões para o desenvolvimento do telescópio Rubin, enquanto o GMT luta para garantir os fundos necessários para sua completa construção, que pode chegar a US$ 1,3 bilhão até 2035.

Observatório Rubin já detectou mais de 2 mil asteroides em uma semana

(Imagem: RubinObs/NOIRLab/SLAC/DOE/NSF/AURA/W. O’Mullane)

As consequências dos cortes são severas: a força de trabalho da NSF foi reduzida drasticamente, comprometendo o fluxo de novos talentos necessários para operar e analisar os dados dos observatórios. Além disso, a falta de financiamento ameaça não apenas o GMT, mas também a posição dos EUA na corrida científica global, onde concorrentes, como a China, já estão investindo pesadamente em novos telescópios.

E o impacto é direto. Durante um teste do Observatório Rubin, ele conseguiu detectar mais de 2 mil novos asteroides em apenas uma semana, um feito impressionante frente à média de 20 mil encontradas por telescópios globais anualmente. Para Karla Peña, especialista sênior do Rubin, essa observação é apenas o início da exploração cósmica. “Tudo o que sabemos representa apenas 5% do universo”, afirma ela, ressaltando a urgência de continuar esses projetos.

O aglomerado estelar Messier 21, registrado pelo Observatório Vera C. Rubin (NSF–DOE)

(Imagem: RubinObs/NOIRLab/SLAC/NSF/DOE/AURA)

O GMT está em processo de fabricação de sete espelhos gigantes, componentes cruciais para seu futuro. Esses espelhos, cada um com 8,5 metros de diâmetro, são uma obra-prima da engenharia, e sua criação demanda até quatro anos em um forno único no mundo. Enquanto isso, o Observatório Rubin armazena dados valiosos que necessitarão da colaboração e do suporte do GMT para serem analisados adequadamente.

O adiamento ou até a interrupção do GMT não é apenas uma perda para a pesquisa; seria uma janela aberta para que concorrentes internacionais colham os frutos das descobertas que os telescópios americanos poderiam ter feito. “Se os EUA não concluírem o GMT”, alerta Rebecca Bernstein, cientista-chefe do projeto, “tudo o que você fez foi encontrá-las e disponibilizá-las para seus concorrentes”.

É hora de refletir sobre o futuro da exploração espacial e da ciência nos EUA. Como você vê o papel da colaboração internacional na pesquisa científica? Compartilhe sua opinião nos comentários!

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