19 julho, 2025
sábado, 19 julho, 2025

Crime digital ganha terreno no ecossistema gamer e “alt-techs”

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O mundo digital, especialmente o ecossistema gamer e as chamadas alt-techs, enfrenta uma onda crescente de crimes cibernéticos que visam crianças e adolescentes. O desafio que se impõe é mapear as diversas plataformas, que vão além das mais conhecidas, onde esses criminosos atuam. A estratégia utilizada por esses grupos é astuta: eles se aproveitam da imaturidade dos jovens, explorando redes mais abertas como uma porta de entrada para aliciar e manipular novas vítimas.

Nesse ambiente, a mecânica do aliciamento é sutil. Após um primeiro contato em plataformas amplas como TikTok, Roblox e Instagram, os criminosos cultivam uma relação que os leva a conduzir as vítimas para redes menores e menos moderadas, onde o conteúdo violento e as práticas ilícitas são intensificadas. Aqui, nas alt-techs, um mundo geralmente desconhecido pelo público em geral, ocorrem crimes como aliciamento, sextorsão e até mesmo incitação à violência.

De acordo com a especialista Michele Prado, esses “beacons” ou faróis, emergem como centros de recrutamento. O jovem, aos poucos, é exposto a um conteúdo que desvia de sua normalidade, imergindo em comunidades extremistas ou tutoriais de crimes cada vez mais perturbadores. É um processo que visa explorar vulnerabilidades emocionais e psicológicas, visando a integração dos jovens em um ciclo de criminalidade digital.

No cerne dessa dinâmica, os famosos “eventos” se destacam. Esses são momentos em que adolescentes transmitem ao vivo automutilação, abusos e até agressões a animais. A interação se dá através de desafios que fomentam práticas cada vez mais perigosas, como o “chroming” e o “blackout”. Lisandrea Colabuono, da Polícia Civil de São Paulo, revela que a promoção desses eventos é feita de forma aberta, atraindo curiosos e persuadindo participantes a intensificarem o comportamento autodestrutivo.

No fundo, cada nova vítima representa um avanço na hierarquia do grupo criminológico; aliciar um jovem se torna uma espécie de troféu. Essa intricada teia de manipulação revela a gravidade do problema, onde uma simples interação digital pode desencadear consequências devastadoras, como demonstram casos documentados de adolescentes que se tornaram alvos de práticas de automutilação e controle psicológico.

O deslocamento dos crimes para pequenas plataformas mais anônimas, muitas vezes desconhecidas até pelos profissionais que combatem o cibercrime, é um desafio crescente. “Micro techs” surgem a cada dia, revelando um novo nível de complexidade e adaptabilidade, enquanto os jovens navegam com facilidade entre elas. Fábio Pereira, procurador de Justiça, alerta para a necessidade de legislações que adaptem o ecossistema digital às realidades atuais.

Um exemplo disso é o Projeto de Lei 5261/2020 que, se aprovado, visa proteger os jovens de interações online que possam ser prejudiciais. Essa proposta pretende fazer com que a comunicação entre usuários menores de 14 anos em jogos eletrônicos ocorra apenas por meio de mensagens pré-definidas, salvaguardando as crianças de abordagens maliciosas.

O reconhecimento desses riscos e a urgência de medidas efetivas são fundamentais para proteger nossos jovens no vasto e, muitas vezes, hostil universo digital. Precisamos refletir sobre como agir para evitar que novos casos de exploração e violência online se concretizem. O que você pensa sobre essas questões? Compartilhe suas ideias e experiências nos comentários!

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