Um simples vestígio de uma denúncia anônima no Ministério Público do Rio de Janeiro em janeiro de 2025 se transformou em um dos episódios mais impactantes da política local. O envolvimento de Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Joias, abre um capítulo onde milícias e corrupção se entrelaçam de maneira alarmante.
O caso em questão, identificado pelo procedimento MPRJ nº 2024.00936502, revelou que TH Joias e seus cúmplices, ligados ao crime organizado, estavam extorquindo taxas ilegais de comerciantes e moradores de Honório Gurgel, apenas para liberar uma tradicional festa junina. Nomes como “Macula”, “Hugo” e “Sargento Siqueira” surgem, associados ao envolvimento em um esquema que chamaria atenção por sua audácia.
Apesar da gravidade das acusações, o promotor Alexandre Murilo Graça optou pelo arquivamento, justificando que delações anônimas não fornecem base legal suficiente para investigação. Segundo ele, abrir um inquérito sem provas concretas seria um desvio perigoso, similar aos abusos em regimes autoritários. Contudo, a história tomou outro rumo quando o caso foi encaminhado para a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas, levando à inclusão das informações na inteligência da Polícia Civil.
Meses depois, a bomba estourou. Em uma operação cinematográfica realizada no dia 3 de setembro, uma equipe conjunta da Polícia Federal, MPRJ, MPF e Polícia Civil do RJ prendeu TH Joias. Ele foi acusado de crimes pesados como tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, supostamente conectando-se ao Comando Vermelho, uma das facções criminosas mais temidas do país. TH não foi encontrado em sua residência oficial, mas logo foi descoberto em outra luxuosa propriedade na Barra da Tijuca.
A operação não se limitou a ele. Dezoito pessoas eram alvos da ação, com muitos já capturados, incluindo figuras proeminentes do crime e da política. Entre os detidos estavam Alessandro Pitombeira Carracena, ex-secretário, e Gabriel Dias de Oliveira, um dos supostos chefes do CV.
O que parecia ser apenas uma denúncia inconsequente se revelou um fiapo reivindicador, desvendando uma rede de corrupção que conectava tráfico, milícias e falcatruas dentro do estado. A prisão de TH Joias significou um marco no combate à impunidade e ao crime organizado no Rio, evidenciando a fragilidade de um sistema que muitas vezes parece conivente com a corrupção.
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