Na sociedade contemporânea, um fenômeno intrigante vem ganhando espaço: a infantilização de adultos. Desde bonecas reborns tratadas como filhas até o uso de chupetas, essa nova tendência se revela uma epidemia silenciosa que desperta preocupações entre especialistas em saúde mental. Adultos adotando práticas infantis refletem não apenas uma busca por alívio emocional, mas um sinal de fragilidade diante das responsabilidades da vida adulta.
Diferente da adultização, que destaca os riscos que as crianças enfrentam na era digital, a infantilização traz à tona uma série de questões sobre maturidade e saúde mental. O psicólogo Adriano Falcão, em uma entrevista ao Portal A TARDE, explica que esse comportamento pode parecer uma forma de escapismo, mas esconde complexidades que vão além do simples desejo de reviver a infância.
A infantilização, ou kidultismo, não é uma questão isolada: as dificuldades econômicas e a superproteção familiar, somadas à influência de uma internet que promove o imediatismo, contribuem para esse cenário. Com informações e resultados a um clique, muitos adultos perdem a capacidade de lidar com frustrações e desenvolvem comportamentos infantilizados como um mecanismo de defesa.
Esse fenômeno se espalhou globalmente, tornando-se comum entre jovens celebridades, que compartilham suas experiências nas redes sociais. Um estudo revelou que, em 2024, adultos comprarão mais brinquedos para si do que crianças em idade pré-escolar. No Brasil, 76% dos adultos entre 18 e 65 anos se consideram potenciais consumidores desse mercado, refletindo uma tendência crescente.
Enquanto práticas como o uso de chupetas são promovidas como aliviadoras do estresse, o psicólogo Adriano adverte que esses hábitos podem indicar uma regressão emocional. Ele destaca que o uso excessivo dessas estratégias para lidar com a pressão da vida adulta pode diluir a autoestima e prejudicar relacionamentos, essencialmente comprometendo o desenvolvimento da personalidade.
Além disso, a análise de Adriano foca na geração contemporânea, que parece mais vulnerável a esse comportamento. Com níveis crescentes de ansiedade e depressão, a dificuldade de estabelecer relações estáveis torna-se recorrente. Esta fragilidade influencia não apenas a vida social, mas também o desempenho profissional, levando a uma espiral de frustração e desmotivação.
Diante dessa realidade, Adriano propõe alternativas para enfrentar as pressões da vida adulta de maneira mais saudável. Sugestões como terapia, prática esportiva e resgate de rotinas estruturadas são cruciais para fomentar em indivíduos a capacidade de resiliência e assertividade. Promover interações significativas e manter hábitos saudáveis ajuda a evitar a dependência de comportamentos infantilizados para escapar das responsabilidades.
O psicólogo conclui alertando que, se continuarmos a favorecer uma cultura que não ensina a lidar com dificuldades, poderemos nos deparar com uma crise de saúde mental ainda mais grave. A infantilização, embora inicialmente possa parecer inofensiva, pode escalar para comportamentos patológicos, refletindo a importância de um desenvolvimento saudável e equilibrado.
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