Na década de 1970, o Clube de Roma lançou um alerta crucial com o estudo “Limits to Growth” (“Limites ao Crescimento”), que explorou a interação de cinco forças fundamentais do nosso mundo: população, produção industrial, produção de alimentos, uso de recursos e poluição. Utilizando o modelo computacional World3, a pesquisa previu que, se a humanidade continuasse em sua trajetória atual, os limites ecológicos seriam superados, resultando em um colapso até o final do século XXI. Em contraste, uma abordagem consciente poderia garantir um equilíbrio sustentável entre o bem-estar humano e a saúde do planeta.
Quase cinquenta anos depois, em 2020, a analista de sustentabilidade Gaya Herrington revisitou esse modelo, utilizando dados recentes para analisar o progresso feito. O resultado foi alarmante: os cenários de 1972 ainda se mostravam surpreendentemente relevantes. A projeção do “business as usual” indicava um drástico declínio da produção industrial, da agricultura e do bem-estar ao longo do século. Herrington destacou que, sem intervenções significativas, poderíamos enfrentar uma crise econômica iminente, potencialmente culminando em um colapso social até 2040.
Ainda assim, ela não encarou essas previsões como uma sentença fatalista, mas sim como um alerta sobre a ineficiência de um crescimento contínuo. Em 2022, publicou uma reflexão intitulada “What a 50-year-old world model tells us about a way forward today”, onde enfatizava que um futuro sustentável ainda era possível, se a sociedade tomasse decisões políticas e sociais ousadas. O cenário mais promissor, denominado “Mundo Estabilizado”, envolve substituir a busca incansável pelo crescimento industrial por metas de eficiência, saúde e educação.
Além disso, um grupo de pesquisadores recalibrou o modelo World3 com dados mais precisos e contemporâneos, revelando que as tendências de ultrapassagem e colapso persistiam. A análise previu uma queda na produção industrial a partir de meados de 2020 e uma redução populacional em 2030, sugerindo que a poluição continuaria a se acumular, causando impactos severos a longo prazo.
A mensagem é clara: a tecnologia pode nos ajudar, mas não é suficiente sem uma mudança nos nossos objetivos. Avanços tecnológicos sem uma visão voltada para a sustentabilidade apenas intensificam os picos de produção, aumentando a severidade das quedas subsequentes. Embora a chance de evitar o colapso ainda exista, o tempo é curto e a ação imediata é necessária para decidirmos o rumo de nosso planeta nesta década crucial.
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