Por mais de cinco séculos, o enigma das proporções geométricas do Homem Vitruviano de Leonardo da Vinci intrigou estudiosos. Porém, um matemático britânico, Rory Mac Sweeney, acredita ter decifrado uma equação oculta nesse icônico desenho, revelando uma nova camada de complexidade na obra.
Mac Sweeney identificou um triângulo equilátero formado entre os pés do homem e sua virilha, uma estrutura que Leonardo anotou, mas que passou despercebida nas análises anteriores. Essa descoberta lança uma nova luz sobre a forma como interpretamos o sistema de proporções corporais que Da Vinci empregou.
Historicamente, muitos supuseram que as proporções do Homem Vitruviano estavam fundamentadas na famosa Proporção Áurea, uma constante matemática que gira em torno de 1,618. No entanto, as medições do desenho não se alinham exatamente a esse número. Mac Sweeney, ao observar o triângulo que emerge das linhas da virilha, encontrou uma nova chave de proporção que sugere uma relação entre os lados do quadrado e o raio do círculo, variando de 1,64 a 1,65 – uma proporção bem próxima da razão tetraédrica de 1,633, a qual é fundamental em diversas estruturas naturais e na disposição de esferas dentro de pirâmides.
“Se você abrir as pernas, o espaço entre elas será um triângulo equilátero.” Essa anotação de Leonardo, segundo Mac Sweeney, confirma a importância do triângulo como uma base estrutural, não apenas um detalhe gráfico.
Mac Sweeney também associou essa razão proporcional aos cálculos modernos das proporções craniofaciais humanas. Estudos atuais indicam que a arquitetura ideal do crânio segue a proporção de 1,64 ± 0,04, exatamente a faixa encontrada no triângulo de Da Vinci. Essa proporção não se resume apenas ao corpo humano; ela também se aplica à geometrias de compactação de esferas e é vista em estruturas de tensegridade, onde o equilíbrio entre forças de tração e compressão é fundamental.
“A proporção de 1,633 se manifesta na mandíbula, na coluna e no crânio, refletindo um estado conhecido como equilíbrio vetorial,” afirmou Mac Sweeney, cuja tese foi publicada no Journal of Mathematics and the Arts.
O Homem Vitruviano, elaborado por Da Vinci em 1490, foi inspirado na obra do arquiteto romano Vitrúvio. Vitrúvio não conseguiu representar graficamente o que idealizava como perfeição anatômica, envolvendo 20 relações proporcionais entre as partes do corpo. Foi Leonardo quem extraordinariamente materializou essa visão, configurando um desenho que influenciou gerações de ilustrações humanas, sustentado por braços em posições que se sobrepõem a círculos e quadrados.
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