Na linha de frente de uma batalha que pode redefinir a relação entre o governo e o Federal Reserve, a diretora Lisa Cook enfrenta a ameaça de demissão promovida por Donald Trump. A acusação? Supostas fraudes hipotecárias realizadas durante a aquisição de sua casa e um apartamento em 2021, um ato que, segundo Trump, desacreditaria sua posição no banco central.
A audiência realizada no Tribunal Distrital dos EUA em Washington na última sexta-feira (29) não chegou a uma conclusão, mas foi um palco significativo para a defesa de Cook. O advogado de Lisa, Abbe David Lowell, argumentou que as alegações de Trump carecem de substância e representam uma tentativa clara de influenciar a composição do Fed. “Ele já afirmou que deseja uma maioria no conselho”, destacou.
Lisa Cook, a primeira mulher negra a ocupar um cargo tão relevante no Federal Reserve, não se deixou intimidar pelas pressões externas. Desde o início, declarou que não renunciaria e agora se vê não apenas defendendo sua integridade, mas também protegendo a independência da instituição que representa. O cenário é complicado, pois, legalmente, o Fed não pode apoiá-la diretamente, obrigando-a a contar com seu advogado.
Se o tribunal decidir pela demissão de Cook, essa seria uma ruptura com a tradição de 112 anos do Fed, que nunca teve um diretor destituído pelo presidente. Por outro lado, se a decisão favorecer Cook, isso poderá reforçar a autonomia da autoridade monetária, limitando o poder do presidente em influenciar os seus membros.
Embora o veredicto deva ser anunciado após o Dia do Trabalho nos EUA, a juíza Jia Cobb indicou que tentará acelerar o processo. O advogado de Cook denunciou a situação como uma “campanha de difamação” com o objetivo de deslegitimar sua cliente, afirmando que as alegações lançadas não têm relevância para sua função no Fed e não justificam sua remoção.
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