27 outubro, 2025
segunda-feira, 27 outubro, 2025

DNA revela doenças que devastaram o exército de Napoleão em 1812

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Representação de Napoleão BonaparteUm novo estudo genético lançou luz sobre um dos episódios mais trágicos da história militar: a campanha de Napoleão na Rússia em 1812. Pesquisadores descobriram que febres devastadoras, transmitidas por bactérias e piolhos, foram protagonistas na decimação de centenas de milhares de soldados. Os resultados da pesquisa, publicada na renomada revista Current Biology, revelam as causas invisíveis que contribuíram para a queda do grande exército napoleônico.

Durante essa desastrosa invasão de Moscou, dos 615 mil homens que partiram, apenas 110 mil conseguiram voltar. Enquanto cerca de 100 mil morreram em combate, a imensa maioria sucumbiu ao frio, à fome e a diversas doenças infecciosas. É nesse cenário de horror que se destaca a figura de Napoleão, que abandonou suas tropas em dezembro, retornando para a França em um trenó, enquanto seus soldados enfrentavam um destino cruel.

Por mais de 200 anos, especialistas se debruçaram sobre as enfermidades que dizimaram o exército. A nova pesquisa, liderada por Nicolás Rascovan e sua equipe do Institut Pasteur, analisa amostras dentárias de soldados encontrados em um túmulo coletivo na Lituânia. O sequenciamento genético revelou a presença das bactérias Salmonella enterica e Borrelia recurrentis, responsáveis pelas febres paratifoide e recorrente, respectivamente.

“É fascinante usar tecnologias modernas para revelar diagnósticos de algo que permaneceu enterrado por 200 anos”, comentou Rascovan, enfatizando a importância desses dados na compreensão da evolução das doenças infecciosas e sua disseminação ao longo da história.

Cientistas criam flores de DNA capazes de liberar medicamentos e realizar biópsiasO estudo utilizou metodologias de DNA avançadas, superando limitações de pesquisas anteriores. Com análises de 13 dentes de soldados e colaborações de cientistas da Universidade de Tartu, na Estônia, a pesquisa revelou que 4 dentes testaram positivo para as bactérias identificadas, enquanto não foram encontrados traços de outras doenças previamente suspeitas, como tifo.

Assim, emergiram evidências inéditas sobre a presença da febre paratifoide e da febre recorrente no exército napoleônico. Embora a amostra estudada seja pequena, os pesquisadores acreditam que um conjunto de fatores, como fadiga extrema e infecções bacterianas, levou os soldados a um estado de debilidade fatal.

Estudo foi fundamental compreender o papel das infecções em grandes eventos históricosO impacto das descobertas vai além da genética. Relatos históricos, como os do médico J.R.L. de Kirckhoff, já mencionavam sintomas que poderiam sugerir várias doenças comuns àquele tempo. No entanto, diferenciá-las apenas pelas descrições da época era uma tarefa impossível. A paleogeneticista Sally Wasef, da Universidade de Tecnologia de Queensland, ressalta que, apesar das incertezas, o estudo é crucial para entender como infecções influenciaram eventos históricos, especialmente quando os registros escritos são limitados.

Esse revés do exército de Napoleão revela que a derrota não foi apenas fruto de erros estratégicos ou das baixas temperaturas, mas de um ataque invisível conduzido por microrganismos letais. Como esses patógenos moldaram o futuro, você também pode fazer parte desta conversa. O que você pensa sobre o papel das doenças na história? Compartilhe suas opiniões nos comentários!

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