
Na quinta-feira (14), o dólar encerrou em leve alta a R$ 5,4171, impulsionado por dados econômicos dos EUA que esfriaram as expectativas de cortes mais agressivos na taxa de juros. As falas do presidente Donald Trump, criticando o Brasil e apoiando o ex-presidente Jair Bolsonaro, criaram um clima de tensão, mas o real resistiu melhor que outras moedas latino-americanas. A valorização dos preços do petróleo, que subiram mais de 2%, também ajudou a limitar a queda da moeda brasileira, que ainda apresentou um recuo de 0,35% na semana.
A máxima da divisa foi de R$ 5,4310, e a performance negativa observada nos últimos dias, com sucessivas altas, destaca um ambiente de ajustes no mercado local. Desde que o dólar rompeu a barreira de R$ 5,40, já caiu 3,28% no mês e 12,35% no ano.
No cenário da bolsa brasileira, o Ibovespa apresentou volatilidade, oscilando entre 135.587,94 e 137.436,74 pontos antes de fechar em baixa de 0,24%, a 136.355,78, após uma queda de 0,89% no dia anterior. O volume de negociações foi de R$ 22,6 bilhões, e mesmo assim, ao longo da semana, o índice acumula uma alta de 0,33%, enquanto no mês, avança 2,47% e 13,36% no ano.
Trump, em suas declarações, chamou o Brasil de péssimo parceiro comercial, reforçando a ideia de tarifas elevadas sobre produtos americanos, mesmo com a superávit comercial dos EUA com o Brasil durando mais de 15 anos. Ele classificou Bolsonaro como um “homem honesto” e lamentou as ações do governo brasileiro, que segundo ele, são uma “execução política”. Essas falas tiveram impacto, aumentando a pressão sobre o Ibovespa.
Outro evento significativo foi a discussão entre Eduardo Bolsonaro, deputado federal licenciado, e autoridades do governo Trump sobre as sanções da Lei Magnitsky ao ministro Alexandre de Moraes. As informações sobre os impactos financeiros dessas sanções parecem ter gerado desconforto e a perspectiva de um próximo bloqueio financeiro está no horizonte.
Em meio a este turbilhão, as ações de primeira linha na B3 mostraram comportamentos distintos, com Banco do Brasil em alta de 2,96% após anunciar resultados financeiros. Outras ações como Hapvida, Ultrapar e MRV também se destacaram, enquanto Raízen, Usiminas e Cosan enfrentaram perdas significativas. Mesmo com alguns sinais positivos, o mercado demonstra uma forte reação às incertezas fiscais e ao plano de contingência do governo, que não foi bem recebido pelos investidores.
Por fim, o fluxo de capital estrangeiro na B3 apresenta um recuo, somando retiradas de R$ 771,178 milhões em agosto. Contudo, no acumulado do ano, ainda é positivo, com R$ 19,306 bilhões. Esse cenário reflete as complexas relações comerciais entre Brasil e EUA, evidenciando a necessidade de adaptações tanto por parte do governo quanto dos investidores.