O Brasil precisa ser consertado para que não continue a prejudicar os interesses dos americanos, disse no último sábado o Secretário de Comércio do governo Donald Trump, Howard Lutnick, em entrevista à emissora NewsNation. Mas não só o Brasil.
Segundo ele, há “um punhado de países” a serem consertados. Citou a Índia e a Suíça. O que Lutnicele chama de conserto resume-se a duas coisas: abrir mais os mercados para produtos americanos e “parar de tomar decisões que prejudiquem os Estados Unidos.”
Abertura de mercado dispensa explicações. Todo mundo entende. Parar de tomar decisões que prejudiquem os Estados Unidos é algo mais amplo e genérico. Pode ser, por exemplo, o Brasil distanciar-se da China, seu maior parceiro comercial há anos.
A China é a principal ameaça aos interesses globais dos Estados Unidos. É o que diz o relatório “Avaliação Anual de Ameaças”, elaborado pelas agências de inteligência americanas e divulgado no final de março último. Sim, e daí? O que temos a ver com isso?
Não é problema do Brasil. Incluam o Brasil fora dessa, como se diz. Mas o governo Trump teima em nos incluir, e a outros países, para justificar o declínio do império americano. Todo império acaba caindo, ensina a História. Uns demoram séculos, outros menos.
Ao contrário do que sugere Lutnicele, e Trump também escreveu em carta enviada a Lula postada antes nas redes sociais, o Brasil importa mais do que vende aos EUA. Em 2024, o déficit comercial registrado com os americanos foi superior a US$ 28 bilhões.
Na mesma carta, Trump ordenou que fosse suspenso “IMEDIATAMENTE” o julgamento de Bolsonaro e dos demais golpistas de dezembro de 2022 e 8 de janeiro de 2023. Como não foi, insiste em nos pressionar com mentiras e dados falsos.
O que o governo Trump quer é que o Brasil se realinhe ideologicamente aos Estados Unidos. Se Lula e seu governo se recusarem, Trump tudo fará para que os brasileiros elejam em 2026 um presidente mais dócil aos interesses americanos.
Se não pode ser Bolsonaro, que seja alguém com a cara e o apoio dele. Um bolsonarista de resultados, como parece ser Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo.
Depois de ter vestido o boné de Trump e assistido sem reclamar ao desfile da bandeira americana na Avenida Paulista, Tarcísio hesita.
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