Dias após o ex-presidente Donald Trump declarar em rede social que havia convencido a Coca-Cola a adotar açúcar de cana em sua fórmula nos Estados Unidos, a empresa confirmou oficialmente o lançamento de uma nova versão do refrigerante feita com o ingrediente natural, hoje substituído quase integralmente por xarope de milho no mercado americano.
A informação foi incluída no balanço financeiro do 2º trimestre, em que a gigante das bebidas informa:
“Como parte de sua contínua agenda de inovação, a empresa planeja lançar neste outono, nos Estados Unidos, uma nova opção feita com açúcar de cana americano para ampliar sua linha de produtos da marca Coca-Cola.”
O movimento, embora não substitua a fórmula tradicional, representa uma tentativa de resgatar o sabor clássico da bebida em um dos mercados mais estratégicos da marca. Hoje, os consumidores norte-americanos que desejam experimentar a versão com açúcar de cana precisam recorrer à Coca-Cola Mexicana, importada e vendida a preços mais altos.
O uso do açúcar de cana “americano” indica que a empresa buscará fornecedores locais, numa estratégia que também responde a uma conjuntura delicada: os EUA aplicaram altas tarifas de importação sobre os dois principais exportadores do produto, México (30%) e Brasil (50%).
Segundo o economista Robson Gonçalves, da FGV, a decisão poderá ter impacto no preço final:
“Ou haverá uma escassez do produto, forçando a empresa a recuar, ou veremos um encarecimento inevitável dessa nova versão”, alerta.
A nova Coca-Cola será lançada entre setembro e novembro (outono no hemisfério norte) e deve complementar o portfólio, ao lado de versões como a Zero e a Diet.
Afinal, será essa a volta do sabor que conquistou o mundo? Ou apenas uma jogada política e de marketing em tempos de forte polarização? O que está claro é que a guerra dos adoçantes ganhou um novo capítulo e tem gosto de nostalgia.
