Ao inaugurar uma montadora chinesa de veículos elétricos e híbridos em Iracemápolis, São Paulo, Luiz Inácio Lula da Silva celebrou a China como o maior parceiro comercial do Brasil e criticou fortemente o governo dos Estados Unidos. Em suas palavras, destacou a importância de não permitir que uma “imagem mentirosa” sobre o Brasil prevaleça no cenário global.
“Não dá para a gente aceitar a criação de uma imagem mentirosa contra um país como o Brasil, que não tem contencioso no mundo”, reafirmou o presidente.
A montadora GWM projeta um investimento total de R$ 4 bilhões até 2026 com a nova fábrica, que é apenas o início de um planificado investimento de R$ 6 bilhões adicionais até 2032. Lula enfatizou que a China, que mantém um comércio com o Brasil de US$ 160 bilhões, é essencial para reequilibrar o comércio mundial e promover o multilateralismo.
“A China é o nosso principal parceiro comercial. A gente vai tentar brigar para que o comércio mundial seja equilibrado. A gente quer que volte o multilateralismo,” afirmou.
Defendendo uma parceria que lute por um mundo mais justo e sustentável, o presidente comparou os números das relações comerciais: “US$ 160 bilhões com a China contra apenas US$ 80 bilhões com os Estados Unidos.” Ele ainda comentou sobre a “turbulência desnecessária” causada pela administração de Trump, que sistematicamente descredibiliza o Brasil como um parceiro comercial.
“A ideia de passar para o mundo que o Brasil é um país horrível para negociar não é verdade. Eu não posso admitir que um presidente de um país do tamanho dos Estados Unidos possa criar a quantidade de inverdades que ele tem contado sobre o Brasil,” acrescentou Lula.
O presidente fez um apelo para que mais empresas chinesas se estabeleçam no Brasil, destacando a importância da geração de empregos: “Quando deixei a presidência em 2010, o comércio de carros era de 3,6 milhões. Mais de uma década depois, estamos lidando com apenas 1,6 milhão de vendas. Isso é o que precisamos mudar com políticas de investimento.”
Sobre comércio justo, Lula declarou que não aceita que países grandes dominem os menores e defendeu a igualdade nas regras do comércio global. “Isso não é comércio justo. O comércio justo é aquele em que as regras são estabelecidas em igualdade de condições para todo mundo.”
Lula também lamentou a saída da Ford do Brasil em 2021 e celebrou a chegada da GWM, indicando que a China pode oferecer uma nova abordagem para a produção e vendas no país. O presidente pediu aos diretores da GWM que considerem o Brasil como uma base estratégica para suas operações na América Latina. “Estamos de braços e coração abertos para todos que queiram vir.”
O vice-presidente Geraldo Alckmin, presente no evento, destacou que o Brasil é a oitava maior indústria automobilística do mundo, registrando o surgimento de sete novas montadoras: “Essa fábrica representa 700 empregos diretos, com a previsão de chegar a 1.300 até o próximo ano e gerar mais 10 mil postos indiretos.” Alckmin também sublinhou o crescimento da indústria automotiva brasileira em 9,3%, superando a média global.
Mu Feng, presidente da GWM, destacou que a nova fábrica não é apenas um compromisso com o Brasil, mas um ponto de partida para parcerias na América Latina: “O Brasil possui uma sólida base industrial e uma excelente capacidade de integração regional. Estamos alinhados com os valores de inovação, qualidade e sustentabilidade que o governo e os consumidores brasileiros prezam.” Ele garantiu que a empresa respeitará os direitos trabalhistas e a responsabilidade corporativa, fundamentais para seus princípios.
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