Conversa telefônica entre os presidentes de Brasil e Estados Unidos durou 30 minutos; Planalto solicitou fim da sobretaxa de 40% a produtos nacionais e retirada de retaliações contra autoridades brasileiras
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, na manhã desta segunda-feira (6), um telefonema do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Segundo o Palácio do Planalto, a conversa durou cerca de 30 minutos e teve tom amistoso. Os dois líderes reafirmaram a “boa química” demonstrada no breve encontro que tiveram em setembro, nos bastidores da Assembleia-Geral da ONU, em Nova York. Lula descreveu o contato como uma oportunidade para restaurar as relações entre Brasil e Estados Unidos, que, segundo ele, “são as duas maiores democracias do Ocidente” e completam 201 anos de laços diplomáticos.
O presidente brasileiro aproveitou a ligação para pedir a retirada da sobretaxa de 40% imposta em agosto aos produtos nacionais e a revogação das sanções aplicadas contra autoridades brasileiras. Entre as medidas citadas estão restrições de entrada e bloqueio de bens nos EUA com base na Lei Magnitsky, que atingiram o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes e sua esposa, Viviane.
Trump, de acordo com fontes do governo, não mencionou nomes de autoridades brasileiras nem do ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado pelo STF por tentativa de golpe de Estado. O líder americano afirmou que discutirá internamente os pedidos de Lula e designou o secretário de Estado, Marco Rubio, para conduzir as negociações com o vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, o chanceler Mauro Vieira e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Apesar da proximidade de Rubio com o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o governo brasileiro avalia que a decisão de Trump será respeitada. O tom do telefonema foi considerado positivo por ministros e assessores, que destacaram a iniciativa do próprio Trump em fazer a ligação. Lula e Trump também trocaram números de telefone para manter um canal direto de comunicação e manifestaram interesse em se reunir pessoalmente.
Entre as possibilidades propostas pelo líder brasileiro estão um encontro durante a Cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), na Malásia, no fim de outubro, a COP30, em Belém (PA), em novembro, ou uma visita de Lula a Washington.
Recebi, nesta manhã (6/10), telefonema do presidente Trump. Conversamos por 30 minutos e relembramos a boa química que tivemos no encontro em Nova York por ocasião da Assembleia Geral da ONU.
Considero nosso contato direto como uma oportunidade para a restauração das relações…
— Lula (@LulaOficial) October 6, 2025
Durante a conversa, Lula reforçou que o Brasil é um dos três países do G20 com os quais os Estados Unidos mantêm superávit comercial e se mostrou disposto a discutir pautas de interesse dos EUA, desde que não interfiram na soberania nacional. Participaram da ligação, do lado brasileiro, o vice-presidente Geraldo Alckmin, os ministros Mauro Vieira, Fernando Haddad, Sidônio Palmeira e o assessor especial Celso Amorim.
Publicado por Felipe Dantas
*Reportagem produzida com auxílio de IA