O presidente argentino Javier Milei sofreu nessa quinta-feira (2/10) um novo revés político. O Senado derrubou dois vetos do governo e manteve leis que ampliam os fundos para universidades e hospitais pediátricos, em meio à turbulência financeira e à proximidade das eleições legislativas no fim de outubro.
Por ampla maioria, os parlamentares rejeitaram o veto à chamada “emergência pediátrica” — com 59 votos contra 7 — e ao aumento do financiamento universitário, que obteve 58 votos a 7.
A decisão representa um golpe à política de Milei, que tem sido marcada por cortes profundos em áreas sociais.
As medidas aprovadas preveem a atualização do orçamento universitário segundo a inflação desde 2023 e o reajuste dos salários de docentes e administrativos. Também estabelecem a destinação de verbas extras ao Hospital Garrahan, principal centro pediátrico de alta complexidade da Argentina e referência regional.
“No hay plata”
Milei, que repete o lema “No hay plata” — “Não tem dinheiro”—, justificou os vetos como parte de sua estratégia de ajuste fiscal. Desde que assumiu, em dezembro de 2023, o presidente reduziu a inflação anual de 211% para 118% em 2024, e conseguiu limitar a alta dos preços a 20% nos primeiros oito meses de 2025.
O custo, entretanto, recaiu sobre universidades e hospitais.
A oposição acusa o governo de negligenciar direitos básicos. “Milei nunca fala de saúde nem de educação, só do risco-país e do risco monetário”, afirmou o senador opositor Martín Lousteau.
O revés parlamentar ocorre em um momento sensível para o governo, que enfrenta instabilidade cambial e denúncias de corrupção. A três semanas das eleições legislativas, Milei busca mostrar que ainda tem força para implementar sua agenda liberal, mas o resultado no Congresso reforça a resistência à sua política de cortes sociais.
Argentina conta com ajuda norte-americana
Nesta semana foi anunciado, que Milei irá se reunir com o presidente dos Estados Unidos, em 14 de outubro. O encontro acontecerá na mesma semana em que o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI) realizam reuniões em Washington.
O principal tema da agenda será a negociação de um apoio financeiro de US$ 20 bilhões à Argentina, por meio de uma “linha de swap” — mecanismo de troca de moedas entre bancos centrais que oferece liquidez em dólares e ajuda a estabilizar o câmbio. A medida foi anunciada pelo secretário do Tesouro norte-americano, Scott Bessent.
Na prática, o instrumento permitirá ao Banco Central argentino acessar dólares de forma temporária, reforçando suas reservas e garantindo maior estabilidade à economia sem recorrer a empréstimos convencionais.
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Presidente da Argentina, Javier Milei
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