
A história da LCM Construção e Comércio, uma empresa que desponta no cenário nacional, revela um enredo complexo. Investigada pela Polícia Federal (PF) por irregularidades em licitações do Departamento Nacional de Transporte e Infraestrutura (Dnit) do Amapá, a LCM já recebeu impressionantes R$ 10,8 bilhões do governo federal. Este montante é resultado de uma série de contratos firmados com diversas superintendências do Dnit ao longo do tempo, consolidando a empresa como um dos grandes nomes no setor de obras públicas.
Criada em 2014, a LCM viu sua trajetória crescer à medida que outras empreiteiras compunham o escopo das investigações da Lava Jato. Desde então, a empresa se destacou, acumulando contratos que totalizam mais de R$ 23 bilhões, sendo R$ 10 bilhões apenas em 2023, durante a administração do presidente Lula. Em comparação, durante o governo anterior, sob Jair Bolsonaro, foram fechados contratos que somaram R$ 6,9 bilhões.
Entre os contratos mais recentes da LCM, destacam-se serviços para manutenção rodoviária na BR-235 na Bahia e serviços emergenciais na BR-470 em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul. A operação da PF que investiga a empresa envolve o presidente Luiz Otávio Fontes Junqueira, acusado de beneficiar-se de um esquema que direcionava licitações e realizava saques fracionados, totalizando R$ 680 mil.
Durante uma busca em sua residência em Nova Lima (MG), a PF encontrou três carros de luxo da marca Porsche, levantando ainda mais suspeitas sobre as atividades da LCM. Nos últimos anos, a empresa não apenas conquistou contratos milionários, como também recebeu cerca de R$ 418 milhões em emendas parlamentares, incluindo R$ 71 milhões oriundos do controverso “orçamento secreto”.
No Amapá, onde a investigação da PF ganha novos contornos, a LCM firmou cinco contratos entre 2021 e 2024, totalizando cerca de R$ 192 milhões. A operação Route 156, que investiga irregularidades em obras na BR 156, revela um suposto esquema criminoso que teria fraudado a competitividade de pelo menos quatro pregões eletrônicos, com um total de R$ 60 milhões sob suspeita.
Um dos alvos da operação é o superintendente do Dnit no Amapá, Marcello Linhares, afastado por decisão judicial. Além disso, o suplente do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, também é investigado, com suspeitas de que empresários estariam usando sua influência para liberar verbas.
Em meio a essas acusações, a LCM nega irregularidades nas licitações e afirma estar à disposição das autoridades para esclarecer os fatos. A assessoria de Alcolumbre confirmou que o senador não tem qualquer relação com as empresas envolvidas na operação e enfatizou a importância do respeito ao devido processo legal.
O Dnit, por sua vez, reafirma o compromisso com a transparência e colaboração nas investigações, repudiando qualquer prática fraudulenta. Em nota, o órgão reafirma sua política de combate à corrupção e garante que está tomando providências internas para apurar os fatos.
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