Após doze longos anos, os Encourados de Pedrão, um grupo tradicional do Agreste baiano, reverberaram sua presença nas comemorações do Dois de Julho, em Salvador, nesta quarta-feira (2). A pausa na participação se devia a controvérsias sobre o uso de cavalos no cortejo, mas em 2023, a tradição encontrou uma nova forma de brilhar.
Cerca de 300 moradores de Pedrão desfilaram a pé, iniciando sua caminhada na Praça Municipal e seguindo em direção ao Campo Grande. Essa transformação foi impulsionada por uma recomendação do Ministério Público da Bahia (MP-BA), que sugeriu a retirada dos animais após denúncias de maus-tratos por defensores dos direitos dos animais.
A prefeitura de Pedrão, em sua nota, destacou que essa decisão simboliza a resiliência e a capacidade de adaptação da cultura vaqueira. “Participar a pé reafirma que o vaqueiro encourado não é apenas resistência; é reinvenção. É uma cultura que se adapta ao presente, mantendo vivas suas raízes, honrando a memória dos que vieram antes e preparando o caminho para os que virão”, afirmou a gestão.
Em entrevista ao G1, Anderson Maia, presidente do grupo, revelou que mantém um diálogo construtivo com o MP-BA, buscando reintegrar os animais em futuras edições do cortejo. Os Encourados de Pedrão têm suas origens ligadas a um grupo de 40 vaqueiros que, sob a liderança do frei católico José Brayner, se uniram à luta pela Independência da Bahia, partindo do povoado de Pedrão para a Cachoeira, onde batalhas decisivas ocorreram.
Desde 1993, a população de Pedrão celebra esses guerreiros com desfiles e encenações históricas, preservando a memória da contribuição do sertão baiano no processo de independência do Brasil. A resiliência da tradição ecoa através das gerações, reafirmando o valor inestimável da história local.
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